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Demissões nas empresas de tecnologia: o sonho acabou?

Ontem, foi a vez de a Spotify – uma das líderes do mercado de streaming – anunciar que vai mandar embora 6 % de seus funcionários. Antes da empresa comandada por Daniel Ek, gigantes como Microsoft, Google, Amazon também promoveram demissões em massa – mandando para casa, respectivamente, 10.000, 12.000 e 18.000 colaboradores.

Mas por que tantos nomes estrelados do ramo tecnológico estão diminuindo suas estruturas?

Há quatro razões para isso.

A primeira é simples: o mercado já não cresce violentamente como ocorria há alguns meses. Com a receita em elevação contínua, a preocupação com custos não era exatamente uma das prioridades destas empresas. Mas, agora, com as vendas crescendo em taxas mais modestas, os analistas de mercado (todas as companhias têm ações negociadas nas bolsas) começaram a pressionar por controle de gastos.

O segundo ponto tem a ver com os efeitos da pandemia. Com a disseminação do Home Office, os gestores tiveram a oportunidade de analisar melhor o desempenho de seus funcionários. E na retomada dos escritórios, ficou mais fácil separar o joio do trigo. Muitos executivos perceberam que era possível tocar suas áreas sem todos os colaboradores de antes. O resultado disso? A volta da busca pela eficiência.

Temos ainda outra causa para este fenômeno: esse tipo de empresa está sempre automatizando funções repetitivas ou que não agregam valor. Ou seja, muitas das vagas canceladas serão simplesmente riscadas do mapa.

Por fim, a inflação e as taxas de juros em alta no mercado americano provocaram baixas significativas nas bolsas de valores – e levaram os papéis de tecnologia para patamares preocupantes. A saída, para muitos CEOs, foi cortar despesas para melhorar os balancetes das empresas.

Demorou, mas chegou a fase em que as tech companies terão de se curvar à opinião dos analistas, aderindo involuntariamente à ditadura dos balanços trimestrais. Antes acostumadas à alta desenfreada das cotações, muitas dessas empresas não poupavam esforços para roubar talentos da concorrência ou investir tubos de dinheiro em pesquisas.

Daqui para frente, porém, tudo pode ser diferente.

Custos terão de ser observados de perto. Isso significa também que os bônus pagos aos principais executivos também terão de ser negociados com cautela.  

Isso quer dizer que o sonho acabou? Este é o começo do fim para essas companhias? Não necessariamente. Depois de uma fase de paixão sem limites em relação a esses papéis, o mercado de ações está preparado para uma relação mais madura e estável com as empresas de tecnologia.

Tais companhias serão vistas, cada vez mais, através de fundamentos sagrados para as empresas convencionais – em especial o famoso EBITDA, que mede a rentabilidade de um negócio antes dos impostos, depreciações e amortizações. Enfim, a boa e velha geração de caixa.

Talvez Amazon, Google, Microsoft e Spotify possam se mirar no exemplo da Netflix. Depois de apresentar resultados sofríveis e lidar com práticas inusitadas de seus clientes (como o compartilhamento de senhas), a Netflix promoveu uma verdadeira reviravolta em suas entranhas. Além de cortar mão-de-obra, mudou seu sistema de assinaturas e introduziu pacotes com publicidade em sua programação. Resultado o número de assinantes subiu de forma expressiva, com 7,7 milhões de novos clientes (contra uma previsão de 4,5 milhões).

Em função dessa virada, as ações da companhia subiram mais de 48 % nos últimos seis meses. Mas o sucesso da Netflix não se deve apenas a decisões executivas. O êxito de produções recentes, como o seriado “Wandinha”, foi indispensável para acelerar o ritmo de crescimento das assinaturas. A nova aposta, agora, é “That 90’s Show”, uma espécie de continuação de “That 70’s Show”, um enorme sucesso da televisão durante, bem, os anos 1990.

Qual delas, entre Amazon, Google, Microsoft e Spotify, vai seguir o figurino da Netflix? Façam suas apostas.

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