Pesquisa mostra que marcas influenciam a percepção corporal e autoestima dos consumidores, destacando a necessidade de maior diversidade e autenticidade nas campanhas publicitárias
Um estudo conduzido pela consultoria de estratégia Dubu revelou que 83% dos brasileiros acreditam que as marcas têm responsabilidade sobre como as pessoas se sentem em relação aos seus corpos. A pesquisa, intitulada “Sem Cabimento”, envolveu 500 participantes de todo o Brasil, com idades entre 16 e 50 anos, e destaca como diferentes setores e marcas influenciam as percepções corporais e a autoestima dos consumidores.
Os setores de saúde e bem-estar (41%), moda e vestuário (38%), e alimentos e bebidas foram identificados como os mais positivos na influência sobre o corpo. Em contrapartida, a mídia e o entretenimento foram considerados os mais negativos, com 54% dos entrevistados apontando sua influência prejudicial. A falta de identificação com os modelos apresentados nas publicidades é evidente: 88% dos entrevistados afirmam que não se sentem representados ou se identificam apenas parcialmente com os padrões exibidos.
Julia Guilger, sócia e cofundadora da Dubu, destacou a importância de as marcas reconhecerem a diversidade corporal e promoverem conexões que valorizem essa diversidade. “Os brasileiros não têm uma visão uniforme sobre como as marcas influenciam seus corpos, inclusive dentro dos mesmos setores. Marcas de sucesso serão aquelas que promovem conexões únicas que reconhecem essa questão”, afirmou.
A pesquisa também identificou as marcas mais bem avaliadas em relação à abordagem sobre os corpos. Natura, Boticário, Nike, Nestlé e Adidas foram as mais citadas pela geração Y, enquanto Nike, Natura, Boticário, Ambev e Nestlé se destacaram entre a geração Z. No entanto, uma parcela significativa dos entrevistados (42% da geração Y e 61% da geração Z) não soube nomear uma marca que realizasse um bom trabalho nesse aspecto.
Entre as iniciativas mais valorizadas pelos entrevistados estão o apoio à saúde física e mental, a criação de produtos que respeitem a diversidade de corpos, o fim da manipulação de imagens na publicidade e campanhas contra distúrbios alimentares.
Ivan Scarpelli, também sócio da Dubu, ressaltou a necessidade de as marcas desenvolverem experiências que respeitem e celebrem a multiplicidade dos corpos, especialmente para a geração Z, que valoriza a autenticidade e rejeita a padronização.
A pesquisa “Sem Cabimento” é inspirada em um experimento realizado em 1945, que questionava os padrões corporais considerados normais ou ideais. Anna Beatriz Azem, outra sócia da Dubu, destacou que esses questionamentos continuam relevantes e que as marcas precisam adotar uma postura proativa para enfrentar esses desafios e promover maior consciência sobre o tema.