Cozinhas voltadas ao delivery se mostram menos custosas e se afirmam como opção até para quem está com ociosidade
Um hábito adquirido pelos consumidores durante a pandemia parece que veio para ficar: pedir comida. Para tanto, é preciso atender à demanda. As dark kitchens se estabeleceram na cidade de São Paulo e, por estarem restritas ao delivery, se tornaram um modelo de negócio interessante para investidores do ramo de alimentação. Primeiro quando os estabelecimentos se viram obrigados a fechar para cumprir as regras de isolamento. Depois, para atender à clientela e, a seguir, como opção para o setor, fornecendo itens do cardápio a preços competitivos pela escala obtida para estabelecimentos de rua.
Surgido nos Estados Unidos, em meados de 2017, o modelo de negócio se agiganta no Brasil. A capixaba ATW Delivery Brands – maior rede de dark kitchens 100% delivery do mundo – organizou sua expansão bem antes do boom. A empresa surgiu em 2017 e se especializou em desenvolver marcas, ou seja, entregar itens específicos para outras redes já consolidadas. São mais de 315 dark kitchens no Brasil e no exterior (214 em funcionamento e 101 em fase de implantação). Cinco estão em Portugal (três em funcionamento e duas quase prontas) e uma no México. O grupo atende mais de mil restaurantes. O faturamento em 2021 foi de R$ 153 milhões e a previsão para 2022 é de R$ 220 milhões.
As possibilidades são tão amplas que a franquia se justifica para atender grandes clientes em praças distantes, compartilhando os riscos de investimentos e os lucros possíveis. De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), no segundo trimestre do ano passado 57,4% das redes de alimentação adotavam o modelo, eram clientes ou estavam em alguma fase implementação. “Tem muita gente investindo alto e de forma bem organizada nesses hubs que oferecem estrutura, serviço de manutenção e parceria com plataformas de entregas por um custo 40% menor do que uma operação tradicional própria”, analisa Joaquim Saraiva, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Negócio do futuro
Segundo a Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado e consumo, a projeção é que o mercado exclusivo de dark kitchens atinja US$ 71 bilhões em 2027. Marcas como a Divino Fogão viram oportunidades ne vão abrir três unidades no Rio de Janeiro.
Até agora a rede conta apenas com restaurantes em praças de alimentação de shoppings. Segundo a companhia, para abrir uma dark kitchen franqueada é necessário um investimento mínimo de R$ 17,5 mil para a compra de insumos, uso de marca, embalagens, marketing e treinamento. “Acreditamos que essa é uma tendência que veio para ficar e agregar ainda mais ao mercado”, explica o fundador e presidente do Divino Fogão, Reinaldo Varela.
“Quando o projeto foi idealizado, nossa meta era fazer com que a operação chegasse a R$ 20 mil de faturamento bruto por mês. Nas operações que já estão rodando, 75% atingiram a primeira meta, incrementando ao negócio uma receita líquida complementar de, aproximadamente, R$ 5 mil. Esse resultado trouxe para operação uma rentabilidade maior, em poucos meses. Ou seja, estamos falando de uma oportunidade de negócio que pode salvar empreendimentos que passaram por dificuldades ou estavam com suas cozinhas ociosas”, completa