Companhia chinesa afirma que desenvolveu modelos que quase se igualaram aos rivais dos Estados Unidos
As ações globais do setor de semicondutores recuaram nesta segunda-feira (27) após a empresa chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek anunciar avanços significativos em seus modelos de IA. A companhia afirmou que desenvolveu tecnologias que competem com as líderes americanas, mesmo utilizando chips inferiores, levantando preocupações sobre uma possível quebra no domínio tecnológico dos Estados Unidos. A startup disparou downloads para iPhone, da Apple, subindo ao topo.
Os modelos R1 e V3 da DeepSeek, ambos no top 10 da plataforma de avaliação Chatbot Arena, apresentaram desempenho equivalente ou superior ao de rivais ocidentais. Além disso, a empresa destacou que treinou um de seus modelos mais recentes com apenas US$ 5,6 milhões, valor significativamente inferior à faixa de US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão mencionada por Dario Amodei, CEO da americana Anthropic, no ano passado.
Em um relatório técnico, a DeepSeek revelou ter utilizado um cluster de mais de 2 mil chips Nvidia para treinar o modelo V3, contrastando com o uso de dezenas de milhares de chips geralmente empregados por empresas concorrentes para tarefas similares.
Impacto no mercado
A notícia gerou um forte impacto nos mercados financeiros, especialmente no setor de tecnologia. O contrato futuro do E-mini Nasdaq 100 recuou 3% na manhã desta segunda-feira, indicando que o índice de alta tecnologia deverá aprofundar as perdas na abertura dos mercados.
Entre as empresas de chips, a Nvidia viu suas ações caírem 7% no pré-mercado, enquanto a Micron Technology e a Advanced Micro Devices recuaram 6% e 4%, respectivamente. Na Europa, as ações da fabricante de equipamentos semicondutores ASML Holding e da ASM International caíram mais de 10% em Amsterdã. Já na Ásia, a japonesa Tokyo Electron encerrou o pregão com baixa de quase 5%.
A rivalidade tecnológica EUA-China
“O EUA são ótimos em pesquisa, inovação e, especialmente, em avanços disruptivos, mas a China é melhor em engenharia”, disse o cientista da computação Kai-Fu Lee, no início deste mês, no Fórum Financeiro Asiático em Hong Kong. “Nos dias de hoje, quando você tem poder de computação e dinheiro limitados, aprende a construir coisas de forma muito eficiente.”
As ambições estratégicas da China em IA devem continuar rendendo frutos nos próximos 24 meses, com o país se preparando para reduzir ainda mais a lacuna de desenvolvimento na comparação com os EUA, apesar dos gargalos no fornecimento de semicondutores. A crescente capacidade da China em IA é uma prova de sua força inerente em desenvolvimento de software, posicionando a nação como o principal desafiante aos EUA, dizem Robert Lea e Jasmine Lyu, analistas da Bloomberg Intelligence.