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Exame: A próxima empreitada da 3tentos no setor de combustíveis

Estratégia da companhia faz parte de um projeto ambicioso para 2030

A 3tentos, empresa de grãos e insumos, anunciou que passará a produzir etanol a partir de sorgo e biodiesel a partir de canola. O anúncio foi feito durante o 3tentos Day, evento da companhia para divulgar as novidades planejadas para os próximos anos.

“O Brasil, com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, deve gerar uma demanda ainda maior. Olhando para o produtor, temos a possibilidade de agregar mais um cultivo, o que melhora sua rentabilidade ao longo do ano”, afirmou Luiz Augusto Dumoncel (na imagem), diretor de commodities da companhia.

A legislação estabelece que o percentual de mistura de etanol na gasolina seja fixado em 27%, com o Poder Executivo podendo ajustá-lo entre 22% e 35% de acordo com as condições de mercado – atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, com um mínimo de 18%.

No caso do biodiesel, a mistura atual de 14%, em vigor desde março deste ano, será aumentada gradualmente a partir de 2025, com acréscimos de 1 ponto percentual ao ano, até atingir 20% em 2030.

A estratégia da 3tentos de investir no setor de biocombustíveis faz parte de um projeto ambicioso para 2030. Naquele ano, a empresa projeta aumentar em 62% a produção de biodiesel, passando dos atuais 1,850 mil metros cúbicos por dia para 3,000 mil metros cúbicos por dia.

Com investimentos de R$ 2 bilhões para a construção da usina de milho e sorgo, a previsão é que a planta comece a operar em 2026, na cidade de Porto Alegre do Norte, em Mato Grosso.

A unidade terá capacidade inicial para produzir 1.223 metros cúbicos de etanol por dia, além de 798 toneladas de grãos secos de destilaria (DDGS) e 50 toneladas de óleo.

No caso do sorgo, ainda não há estimativas de produção definidas, mas o plantio ocorrerá em áreas onde não se cultiva milho. Sendo uma cultura de verão, o sorgo é adaptado a condições quentes e úmidas, e funcionará como a “safrinha” da 3tentos.

Para a produção de biodiesel a partir de canola — uma cultura de inverno, adaptada a condições climáticas mais amenas e cultivada entre janeiro/fevereiro e setembro/outubro, logo após a colheita das culturas de verão — a empresa usará a planta de Ijuí, no Rio Grande do Sul, que já produz biodiesel de soja.

Com a nova demanda por canola, serão necessárias adaptações pontuais na planta, com um investimento mínimo, segundo o diretor, que não revelou valores exatos.

“Com essa adaptação, manteremos a mesma capacidade de produção diária para canola e soja. A diferença será que, em determinados meses, priorizaremos a produção de canola em vez da soja. No caso do milho e sorgo, o processo será um pouco diferente, pois poderemos até trabalhar com um blend dos produtos em algumas ocasiões”, disse Dumoncel.

Conhecido mundialmente por liderar a produção de soja e ocupar o terceiro lugar na produção global de milho, o Brasil tem uma produção de canola ainda modesta.

Neste ano, o país deve produzir 203 mil toneladas neste ano, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – são nos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná que se concentram a produção brasileira. No caso do sorgo, a Conab estima que o Brasil produza  4.554,1 mil toneladas.

Canola rende mais

De acordo com o CEO da 3tentos, Luiz Ozório Dumoncel, a aposta na canola no Rio Grande do Sul é ocupar um espaço hoje ‘descoberto’ durante o inverno. “O Rio Grande do Sul conta com uma área de 7 milhões de hectares de soja e 1,5 milhão de hectares de trigo, deixando grande parte dessa terra descoberta durante o inverno. Estamos trabalhando para que a canola ocupe esse espaço”, disse ele.

O óleo de canola vem de uma planta híbrida, desenvolvida no Canadá entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, usando técnicas de hibridização tradicional (não geneticamente modificado) que envolvem cruzamentos entre a mostarda preta, a folha de mostarda, o nabo e a colza.

A canola apresenta uma produtividade de cerca de 1.800 quilos por hectare, aproximadamente metade da produtividade da soja, mas oferece maior rendimento em termos de óleo. Segundo o CEO, a canola gera 43% de óleo na extração, enquanto na soja esse valor é de 18%.

“O Rio Grande do Sul conta não possui uma “safrinha” A canola, inclusive, vem sendo chamada de “soja de inverno”, funcionando como uma “safrinha” para o estado”, afirmou o CEO.

Dados do Oilword apontam que a produção de óleo de canola do Brasil foi de atingir 64,6 milhões de litros na safra 2023/24. O Canadá é o maior produtor de canola do mundo, com 19,5 milhões de toneladas.

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Por César H. S. Rezende

Publicado originalmente em: bit.ly/40NR9HB


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