Com expansão acelerada, rede de franquias projeta mais de 250 lojas até o fim do ano e crescimento de 60% no faturamento
A marca de gelato Borelli viu seu número de lojas dobrar no último ano. Com 81 novas lojas inauguradas, a rede de franquias fundada em Ribeirão Preto se aproximou das 200 unidades em operação. Nos primeiros dois meses de 2025, a rede já inaugurou mais dez unidades.
O crescimento da companhia acontece num mercado aquecido. O sorvete no Brasil movimenta 14 bilhões de reais por ano, com mais de 11 mil empresas ativas. Entre centenas de pequenos negócios, a Borelli quer liderar a categoria premium e tem uma meta ambiciosa para chegar lá: atingir 500 milhões de reais em faturamento até o fim de 2025, um crescimento de mais de 60% em um ano.
Boa parte desse avanço vem da abertura de mais lojas. A expectativa é terminar o ano com mais de 250 lojas ativas e 320 contratos assinados.
“Estamos inaugurando muitas lojas, e isso faz parte da estratégia. Mas o mais importante é crescer sem perder a qualidade, sem deixar de ser quem somos”, afirma Tony Miranda, CEO da empresa. Segundo ele, o desafio do crescimento acelerado não está apenas na expansão, mas em garantir que as lojas novas atinjam maturação rapidamente e tragam retorno para os franqueados.
Hoje, o faturamento médio das unidades mais maduras já supera 195.000 reais por mês, enquanto a média geral da rede gira em torno de 180.000 reais. Com a abertura de novas lojas e a consolidação das unidades recentes, a Borelli projeta dobrar de faturamento em dois anos.
O mercado de sorvete
A Borelli nasceu em 2013, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, quando Eduardo Borelli decidiu transformar sua paixão por gastronomia em negócio. Inspirado por gelaterias italianas, viajou para a Itália, estudou técnicas de produção e criou um modelo baseado na qualidade dos ingredientes e na produção artesanal em loja.
Nos últimos anos, o consumo de gelato cresceu dentro do mercado de sorvetes, impulsionado pela demanda por produtos de melhor qualidade, com menos açúcar e sem conservantes. Essa tendência favorece marcas que entregam qualidade superior e experiências diferenciadas.
“O consumidor brasileiro está mais exigente. Quer saber a origem dos ingredientes e busca um produto de qualidade superior. O gelato tem um espaço enorme para crescer no país”, diz Miranda.
O setor acompanha essa mudança de hábitos. A Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis) aponta que 20% do faturamento do mercado de sorvetes vem das gelaterias artesanais, enquanto os outros 80% são dominados pelas grandes indústrias.
Franquias e desafios da expansão
A Borelli aposta em um modelo de franquia estruturado. O investimento inicial para abrir uma unidade gira em torno de 800.000 reais. Mais de 50% das novas franquias são abertas por franqueados que já possuem outra unidade.
A empresa chegou a testar um modelo de sócio-investidor, mas abandonou a estratégia. “Vimos que o melhor formato é ter o franqueado como dono da unidade, comprometido com o plano e com a execução”, explica Miranda.
Outro desafio da expansão é garantir padronização na experiência do cliente, independentemente da localização. Para isso, a Borelli reforçou a seleção e treinamento de franqueados e equipes, assegurando que a qualidade do atendimento e do gelato seja mantida em todas as unidades.
A inflação dos insumos preocupa. Pistache e cacau, ingredientes comuns nos produtos da marca, sofrem com a alta do dólar. Além disso, o café, outro produto importante do cardápio, teve forte alta do dólar. Além disso, o café, outro produto importante do cardápio, teve forte alta nos últimos meses.
“Estamos em um crescimento acelerado, e isso nos dá poder de negociação com fornecedores. Essa escala ajuda a mitigar os aumentos de preço, mas sabemos que em algum momento pode ser necessário um reposicionamento de preços”, diz Miranda.
O digital no crescimento
Além da expansão física, a Borelli aposta no digital como um motor de crescimento. A empresa está lançando seu aplicativo de fidelidade, que permitirá acumular pontos e trocar por gelatos. O lançamento nacional está previsto para março, após testes bem-sucedidos no Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.
“Esse aplicativo vai mudar a forma como nos relacionamos com os clientes. É uma ferramenta poderosa para aumentar a recorrência e criar uma base fiel de consumidores”, diz Miranda.
A estratégia segue um modelo já consolidado por grandes redes de cafeterias e fast food, que usam programas de fidelização para elevar o ticket médio e engajar clientes.
Outro pilar digital é o delivery, que hoje representa 10% do faturamento da rede. A Borelli já opera pelo iFood, mas o novo aplicativo trará uma solução própria de pedidos, com logística otimizada para garantir que os gelatos cheguem em perfeitas condições até a casa do consumidor. A expectativa é chegar aos 15%.
“O maior desafio do delivery é manter a experiência da loja na casa do cliente. Nosso produto não tem conservantes, então a cadeia refrigerada tem que ser muito bem controlada. Estamos investindo nisso”, explica Miranda.
A fábrica e o futuro
Para suportar o crescimento, a Borelli finalizou em maio de 2023 a ampliação da sua fábrica, localizada em Cravinhos (SP). O espaço tem 7.000 m² de terreno e 4.000 m² de área construída e já está sendo ampliado novamente para aumentar a capacidade de produção e armazenamento.
A produção da rede é baseada na verticalização. A fábrica centraliza a produção das bases e pastas, garantindo que cada unidade receba os insumos com o mesmo padrão. O gelato final é produzido nas próprias lojas, com maquinário italiano exclusivo.
“A fábrica é a base do nosso crescimento. Já estamos nos preparando para a próxima fase de expansão, para que possamos garantir qualidade e evitar rupturas na cadeia de fornecimento”, diz Miranda.
Com um modelo de negócios bem estruturado, expansão acelerada e forte presença digital, a Borelli quer consolidar sua liderança no mercado de gelatos no Brasil. O desafio agora é manter a qualidade, a , a experiência e o encantamento do consumidor, enquanto a marca dobra de tamanho para atingir os 500 milhões de reais em faturamento em 2025.
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Por Isabela Rovaroto
Publicado originalmente em: https://encurtador.com.br/JXc5Z