Com aluguel de quadras e treinos para mulheres e meninas, a Nossa Arena opera em capacidade máxima na capital paulista
Nas Olimpíadas de Paris, a delegação feminina superou pela primeira vez a masculina no número de medalhas. No total, as atletas brasileiras conquistaram 12 das 20 medalhas do país na capital francesa. O bom desempenho das mulheres reacendeu um debate essencial: a necessidade de ampliar o acesso ao esporte para mulheres e meninas em todo o Brasil.
Um relatório de 2019 do programa da ONU para o Desenvolvimento indica que a prática de exercícios físicos por mulheres era 40% inferior a dos homens no país.
A paulistana Júlia Vergueiro tem trabalho para mudar essa realidade nos últimos anos. Ela é sócia fundadora da Nossa Arena, espaço poliesportivo para meninas, mulheres e membros da comunidade LGBT.
“Nós queríamos fazer com que a prática esportiva fosse muito acolhedora. Criar um espaço onde a mulher, independentemente de saber ou não jogar, não será julgada”, afirma Vergueiro.
O espaço de 8,5 mil metros quadrados na Barra Funda, em São Paulo, reúne três quadras de society, adaptáveis para um 11 contra 11, e ainda quadras para esportes de praia como futevôlei, vôlei de areia e beach tênis.
Com aluguel de quadras e treinos para mulheres e meninas, a Nossa Arena opera em capacidade máxima. No ano passado, a empresa cresceu 235,09%, alcançando receita líquida operacional de 2,23 milhões de reais, segundo o ranking EXAME Negócios em Expansão.
Como a Nossa Arena foi criada
O embrião da Nossa Arena começou com um time de futebol de mulheres chamado Pelado Real.“A Copa do Mundo de 2014 atraiu patrocinadores para o time feminino que eu participava e pela primeira vez eu olhei para o esporte como carreira”, diz.
Dois anos depois da Copa, o time se tornou escola de futebol para meninas. O diferencial era o espaço dedicado apenas para times femininos.
A pandemia de covid-19 exigiu dos empreendedores uma boa dose de adaptação, mas algumas oportunidades surgiram também. Vergueiro encontrou um terreno à venda por um preço abaixo do mercado. Sem os recursos necessários para a aquisição, surgiu a ideia de captar dinheiro com pessoas dispostas a investir num espaço poliesportivo para mulheres.
Em julho de 2021, a Nossa Arena foi inaugurada com o apoio de 11 sócios investidores. No ano seguinte, a empresa já operava com todos os horários nobres ocupados e contava com um espaço de eventos para incrementar a receita.
No ano passado, a inauguração de quadras de areia permitiu diversificar a receita. Hoje, além do aluguel das quadras, é possível fazer aulas e realizar eventos nos espaços da Nossa Arena, que faturou 2,2 milhões de reais no ano passado, alta anual de 235%. A empresa ficou na nona posição da categoria de 2 a 5 milhões do ranking EXAME Negócios em Expansão. (Veja o ranking completo aqui).
Novo espaço?
O crescimento do espaço poderia ser maior, acredita Vergueiro, não fosse a limitação de espaço físico. “Os horários nobres do futebol estão 100% preenchidos”, diz, sobre a principal demanda do Nossa Arena.
A empresa também tem a vontade de tirar do papel o projeto de uma quadra poliesportiva e oferecer basquete, vôlei, futsal e handball. Até por isso, no curto-médio prazo um dos objetivos é ampliar o espaço atual ou abrir unidades em outras regiões e até em outras cidades.
“Acho que o futuro é a expansão, a gente conseguir crescer, atender mais mulheres e mais projetos”. Atualmente, a Nossa Arena recebe cerca de 1.000 pessoas por semana.
O protagonismo feminino nas Olimpíadas de Paris e a Copa do Mundo Feminina, prevista para acontecer no Brasil em 2027, devem atrair ainda mais jogadoras e alunas. “Estamos só começando”, diz Vergueiro.
Por Isabela Rovaroto
Publicado originalmente: bit.ly/3WJXlNu