Os Romanzini faturam R$ 65 milhões com chocolates “caseiros” repletos de cacau, fazendas certificadas e embalagens de impacto reduzido
O avanço da agenda ESG tem feito muita gente questionar a necessidade de tanto plástico nas embalagens dos produtos. Mas antes de o tema ganhar força entre consumidores e investidores, os empreendedores gaúchos Andreia e Aureo Romanzini (imagem) já tinham em mente vender produtos em embalagens produzidas com impacto ambiental reduzido.
Os Romanzini são fundadores da DeCacau Chocolates, fábrica aberta há 37 anos em Flores da Cunha, município de 30 mil habitantes encravado na Serra Gaúcha. O embrião do negócio foi a demanda de fábricas da região por chocolates caseiros como brindes para funcionários em ocasiões especiais, como Páscoa e Ano Novo. De lá para cá, a DeCacau virou um negócio industrial com pegada “caseira”, faturamento de R$ 65 milhões previsto para 2022 e crescente presença nacional. Um modelo de franquias está sendo considerado pelo sócios para acelerar a presença física da marca, que espera receita de R$ 80 milhões em 2023.
Como parte do plano de crescimento, a previsão até o final do ano é abrir um centro de distribuição em Araraquara, no interior paulista, e expandir para Santa Catarina e Paraná. “Queremos inserir a marca entre as cinco maiores indústrias de chocolates do Brasil até 2027”, diz Aureo.
Por trás da expansão, estão três fatores:
- Na última década, a DeCacau passou a fabricar ovos de Páscoa vendidos nas 164 lojas da varejista catarinense Havan, presente em 20 estados. Além da Havan, nos últimos anos a DeCacau passou a produzir chocolates com a marca de outros clientes.
- Presença física em Gramado, principal atração da Serra Gaúcha e terra com tradição de sediar fábricas de chocolates caseiros. “O boca a boca entre turistas que experimentaram a DeCacau por ali serviu de propaganda gratuita para a empresa em outros estados”, diz Andreia. Hoje, a comunicação visual da empresa leva a palavra “Gramado” para reforçar a identificação regional.
- O investimento em uma cadeia própria de cultivo de cacau em fazendas certificadas pela DeCacau nos arredores de Ilhéus, no sul da Bahia. Há seis anos a operação garante a oferta de grãos de qualidade superior, algo difícil de obter rotineiramente com atravessadores.
Sementes certificadas
Com os três pilares resolvidos, a marca resolveu investir numa expansão com marca própria. De 2020 para cá, foram oito lojas abertas pela própria DeCacau, boa parte delas localizadas nas unidades da Havan no interior paulista. Além de São Paulo, a empresa está presente em cidades do interior gaúcho.
Nas lojas, o diferencial: a maioria dos produtos vêm a granel, sem embalagens. Um exemplo é a linha Bean to Bar, feita sem conservantes em sua formulação. Em outras linhas de produtos, com embalagens, os chocolates são envoltos em materiais de fontes renováveis. “Nosso método de produção é a partir das amêndoas de cacau, diferente do método comum que utiliza a massa de cacau com grãos já torrados e moídos”, diz Aureo. “Garantimos um produto mais natural.”
O que foi possível com investimentos em produção própria. Daí vieram linhas de chocolates com percentuais elevados de cacau — uma delas tem 85%. “Todos os chocolates são produzidos com matérias-primas selecionadas e cacaus com certificação de origem, adquiridos diretamente de fazendas da Bahia, que utilizam tecnologia e adubagem correta, o que faz o cacau render mais”, diz Aureo.
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Por Leo Branco
Publicado originalmente em: cutt.ly/pC5MA0l