Ex-modelo, Ramon Pissaia fundou a Otto Energia Sustentável; negócio deve faturar R$ 50 milhões neste ano
O mercado de energia solar está em ótimo momento no Brasil. Com as contas de consumo nas alturas, as fontes sustentáveis de energia se tornam, de algum modo, a máxima para um grande número de empresas e consumidores que querem reduzir custos e, ao mesmo tempo, contribuir com o meio ambiente. Segundo pesquisa do Banco BV, quase 70% dos brasileiros já pensaram em instalar painéis para geração de energia solar em suas casas.
A iminência desse mercado chamou a atenção de Ramon do Valle Pissaia, um engenheiro elétrico da cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Depois de anos atuando no ramo — e de uma breve experiência como modelo internacional — ele fundou a Otto Energia Sustentável, que atua com venda e instalação de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica. Em 2022, a empresa faturou R$ 40 milhões.
Quem é o empreendedor
Natural da cidade paranaense de Castro, a 40 quilômetros de Ponta Grossa, Pissaia atuava desde os 22 anos como engenheiro elétrico, responsável por projetos de grandes usinas hidrelétricas na Região Sul do país, além de instalações em estados como Rondônia e Goiás.
O trabalho em canteiros de obras, porém, tinha seus contrapontos. As grandes construções, sensíveis a instabilidades econômicas, sofreram um baque com a crise de 2014. Com o setor de construção civil em ritmo lento, ele deixou o emprego e passou a atuar em projetos particulares de forma autônoma.
Em 2016, ele recebeu uma proposta para trabalhar como modelo. A convite de grandes marcas, ele manteve a vida nas passarelas em paralelo aos projetos elétricos autônomos. Naquele ano, foi eleito até mesmo Mister Paraná, uma variação do tradicional concurso de beleza feminino. De olho em títulos ainda maiores, Pissaia disputou concursos de beleza e desfilou em passarelas na China, Estados Unidos e Espanha, onde morou por dois anos.
Como surgiu o negócio
A difícil escolha pelos próximos passos na carreira fizeram Pissaia questionar sua atuação como modelo. “Poderia ter continuado naquele ramo e, inclusive, ido para a televisão. Mas não era isso que eu queria “, diz. Decidido a empreender em sua área de conhecimento, ele voltou ao Brasil para abrir o próprio negócio.
O pensamento de Pissaia era trazer para cá uma ideia ainda pouco difundida àquela época, mas já muito popular na Europa: a luz solar como fonte de geração de energia sustentável em domicílios. “Entendi que era uma questão de acesso, de democratizar isso ao público. Havia muita oportunidade no Brasil”, diz.
Para criar as bases para o empreendimento, ele criou uma rede de contatos com base em seu pouco mais de um ano de experiência em uma grande empresa do setor. A mudança para a cidade de Cascavel, que abriga uma das maiores indústrias de energia solar do país, também veio na esteira desses esforços. “Via empresas de distribuição centenárias tendo o mesmo ritmo de crescimento de pequenas startups de energia renovável. A chance ali era nítida”, diz.
Desse pensamento e da união com um sócio e colega com experiência em importação e exportação de produtos da China nasceu a Otto Energia Sustentável, em meados de 2020.
Como funciona a Otto
No início, a empresa se dedicava a projetos pontuais de instalação em empresas. Pouco tempo depois, passou a também importar placas e outros insumos de tecnologia para sistemas de geração de energia solar e a atuar com lojas de rua que servem de pontos de venda para clientes finais que desejassem a tecnologia em suas residências.
Em novembro do ano passado, a Otto Energia Sustentável colocou na rua um modelo de franquias após um longo processo de estruturação e governança que pudesse trazer confiança aos investidores, credores e novos franqueados do futuro.
Com o modelo, franqueados podem trabalhar com a venda e instalação de painéis solares — a Otto fica a cargo do fornecimento dos produtos de repassar a lista de profissionais habilitados para cada serviço nas regiões onde atuam as franqueadas. Com o franqueado, fica a parte da negociação, marketing, vendas e a ponte entre os clientes e os prestadores de serviço.
Com as lojas de rua e modelo home-based, que têm valores de abertura entre R$ 29 mil e R$ 48 mil, a intenção da franquia é encerrar o ano com 90 unidades, e receitas na casa dos R$ 50 milhões.
Pissaia também espera levar a Otto para todas as regiões do país no curto prazo. A ambição, ao que tudo indica, acompanha os indicadores do mercado de energia solar como um todo. “Era inimaginável saber onde chegaria em apenas dois anos, mas essa projeção de crescimento é sólida e é puxada pelo interesse crescente dos consumidores”, diz.
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Por Maria Clara Dias
Publicado originalmente em: bityli.com/44Iyp