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Exame: Empresa cresce sete vezes após RJ e desafia gigantes

A Enfil superou a crise ao diversificar sua atuação. Agora, aposta em saneamento e indústria para expandir, após fechar contratos com grandes clientes e conquistar uma carteira de projetos de R$ 1,5 bilhão

Franco e Diego Tarabini, da Enfil: empresa de engenharia saiu da recuperação judicial com um plano de crescimento sólido e novas áreas de atuação (Montagem de Julio Gomes/EXAME/Divulgação)

O setor de saneamento e soluções ambientais vive uma nova fase no Brasil, impulsionado por concessões privadas e investimentos públicos. A transformação atrai empresas que buscam se consolidar como referências no setor. A Enfil, fundada em 1994, passou por esse processo de forma intensa: entrou em recuperação judicial em 2018, reestruturou suas operações e saiu da crise sete vezes maior.

A empresa, especializada em controle da poluição atmosférica, tratamento de água e resíduos industriais, chegou a perder 250 milhões de reais em contratos e viu sua carteira encolher drasticamente. 

Mas, ao longo de cinco anos, ampliou seu portfólio de projetos (o chamado backlog) para 1,5 bilhão de reais, diversificou clientes e voltou a crescer. O resultado a colocou na 14ª posição no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, com 156 milhões de reais em receita no último ano, um avanço de 52% sobre 102 milhões de reais faturados no ano anterior.

“Nosso foco sempre foi engenharia e tecnologia para projetos complexos, mas precisávamos de uma base financeira sólida. A recuperação judicial nos deu fôlego para isso”, afirma Franco Tarabini, fundador da Enfil.

A crise e a recuperação

Até 2014, a Enfil operava com uma carteira de clientes fortemente concentrada na Petrobras. Com a Operação Lava Jato, a estatal paralisou contratos, interrompendo pagamentos e levando diversas empresas do setor ao colapso. A Enfil foi uma delas. Além disso, um investimento mal sucedido na OSX, de Eike Batista, resultou em um prejuízo de mais de 100 milhões de reais.

“A Petrobras representava 65% da nossa carteira. Quando os contratos foram cancelados, nossa receita despencou”, diz Tarabini. “Somando isso aos calotes de outros projetos, perdemos mais de 230 milhões de reais em contratos”.A empresa tentou resistir, mas a falta de capital de giro e as altas taxas de juros tornaram a recuperação por meios convencionais inviável. Em 2018, a Enfil entrou em recuperação judicial com uma dívida total de 250 milhões de reais.

A reestruturação incluiu renegociação com bancos e fornecedores, além de um corte drástico de custos. O quadro administrativo, que já teve 300 funcionários, foi reduzido a 40 pessoas. “Foi um período duro, mas essencial para o futuro da empresa”, afirma Diego Tarabini, que hoje lidera a operação ao lado do pai.

Virada para o saneamento e crescimento acelerado

A saída encontrada para a crise foi apostar no saneamento básico. Durante a recuperação judicial, a Enfil concentrou seus esforços em projetos públicos de tratamento de água e efluentes. Em cinco anos, sua carteira de projetos — o tal backlog — saltou de 200 milhões de reais para 1,5 bilhão de reais.

A empresa também ajustou sua estratégia comercial. Antes voltada para grandes contratos na indústria de base, passou a atuar de forma mais diversificada. Além de saneamento, voltou a fechar negócios com setores como papel e celulose, óleo e gás, e energia. “Queremos equilíbrio entre o setor público e o privado, com metade da carteira em cada”, diz Diego Tarabini.

A estratégia funcionou. Em 2023, a Enfil faturou 156 milhões de reais, um crescimento de 52% sobre o ano anterior. Em 2024, a empresa chegou a 280 milhões de reais. Para 2025, a expectativa é de 450 milhões de reais.

Novos contratos e a volta da Petrobras

A Enfil não apenas se recuperou, como voltou ao mercado privado de forma agressiva. Em 2023, assinou um contrato de 600 milhões de reais para fornecer sistemas de tratamento de água para a nova fábrica da chilena Arauco, no Mato Grosso do Sul, que será a maior planta de celulose do mundo em operação em um único local.

Além disso, a empresa retomou contratos com a Petrobras, incluindo um projeto de locação de ativos para tratamento de água. “A Petrobras foi nosso maior cliente e, por muitos anos, nossa maior dor de cabeça. Hoje, voltamos a atendê-la de forma sustentável, sem a dependência de antes”, diz Franco Tarabini.

Expansão e novas apostas

A Enfil está em um novo momento. Saiu da recuperação judicial com um plano de crescimento sólido e novas áreas de atuação. Em 2024, a empresa reforçou seu conselho consultivo, trazendo executivos experientes para aprimorar a governança. Também investiu em recrutamento, ampliando a equipe de engenharia para lidar com a alta demanda.

Entre as novas frentes de crescimento, estão contratos de operação e manutenção de plantas, além da locação de equipamentos para indústrias de base. “Queremos diversificar e criar fontes de receita recorrentes, reduzindo a dependência de projetos pontuais”, afirma Diego Tarabini.No horizonte, a Enfil projeta um faturamento de 900 milhões de reais a 1 bilhão de reais nos próximos três anos. A recuperação judicial, que poderia ter sido o fim da empresa, tornou-se o ponto de virada para um crescimento sem precedentes.


Por Leo Branco

Publicação original: bit.ly/3Dybqb7

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