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Exame: Maior especialista do mundo em tecnologia de nióbio é do Brasil

Campeã histórica de MELHORES E MAIORES, da EXAME, a CBMM está focada em criar mercados para o metal. Baterias para veículos elétricos industriais e comerciais estão entre as apostas

A tecnologia do nióbio — um metal com alto valor agregado, produzido do pirocloro ou de outros minérios — é uma valiosa aliada na transição energética global. Ela está em toda parte: desde as aplicações na indústria de energia renovável ao desenvolvimento de baterias de última geração. E é o vultoso investimento nessa frente que tem levado a CBMM a explorar outras oportunidades de negócio.

“A metalurgia vai continuar sendo nosso grande core business, mas também queremos criar novos mercados para o nióbio”, confirma Rogério Ribas, head do Programa de Baterias da CBMM, fundada em 1955 e, hoje, líder global na produção e comercialização de produtos e tecnologia de nióbio.

Melhor empresa histórica no setor de Siderurgia, Mineração e Metalurgia nos 50 anos de MELHORES E MAIORES, da EXAME, a CBMM acumula nove premiações no total (1977, 1996, 1998, 2000, 2008, 2009, 2010, 2013 e 2015). Este novo reconhecimento, nas palavras de Ribas, está bem alinhado ao DNA da empresa. “A CBMM investe em tecnologia desde o início da sua história. Não existia mercado para o nióbio. Então, ao mesmo tempo que a companhia começou a desenvolver seus processos, para produzir a partir dele, começou a trabalhar com projetos, universidades, empresas e centros de pesquisa para desenvolver aplicações para esse metal”, rememora.

A liderança mundial é, portanto, fruto do pioneirismo da CBMM, que tem investido nessa tecnologia nos últimos 70 anos, contribuindo para o fato de o Brasil concentrar cerca de 90% da produção de nióbio no mundo.

Agora, a empresa reforça seus planos para um crescimento pautado em novas aplicações na siderurgia e na diversificação de seus mercados de atuação, com destaque para o Programa de Baterias. Em 2022, as vendas de óxido de nióbio para baterias tiveram crescimento de 327%, chegando a cerca de 500 toneladas — ante 100 toneladas, em 2021.

Por esse motivo, a companhia anunciou, em 2022, o investimento de US$ 80 milhões na expansão de toda a sua linha de produção de óxido de nióbio, que incluirá a construção de uma nova planta em seu complexo industrial em Araxá (MG). Com previsão de entrada em operação em 2024, ela terá capacidade produtiva de 3 mil toneladas de material ativo para baterias, para aplicações em tecnologias de carregamento ultrarrápido e seguro, de alta potência e maior vida útil.

Nióbio “turbina” baterias de lítio

Programa de Baterias está inserido no Programa de Tecnologia, que foi criado na década de 1970 “para ensinar o mundo a usar nióbio”, destaca Rogério Ribas. “Não se tinha conhecimento, principalmente nas siderúrgicas, sobre o uso do nióbio e seus benefícios”, explica ele. Ao longo dos anos, o programa se fortaleceu. Hoje, a CBMM investe nele cerca de 2% a 3% de seu faturamento global (cerca de R$ 300 milhões por ano), destinando quase um terço desse montante (R$ 90 milhões) para o Programa de Baterias.

“Atualmente, existem mais de 200 projetos de tecnologia espalhados pelo mundo, dos quais 42 são dedicados especificamente ao Programa de Baterias, na China, no Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Europa e Brasil, desenvolvendo tecnologias de baterias de lítio que utilizam nióbio na sua composição”, comenta o head do programa. “O que a gente faz é modificar uma bateria de lítio, para que ela tenha algumas propriedades interessantes para o mercado”, esclarece ele.

Em aplicações de óxido de nióbio para o ânodo das baterias, destacam-se a tecnologia NTO (Niobium Titanium Oxide), desenvolvida pela CBMM em parceria com a Toshiba, no Japão. Essa tecnologia garante aumento de segurança, durabilidade e capacidade de recarga ultrarrápida (em tempos inferiores a 10 minutos), sem perda do ciclo de vida do produto.

Caminhões, ônibus e até robôs podem ganhar eficiência com nióbio

Mas o foco maior da CBMM está nos mercados comerciais e industriais, como os de eletrificação e hibridização de ônibus, caminhões de entrega urbana, trens, navios e até robôs. “Armazéns de grandes varejistas têm robôs com baterias de lítio dentro deles. Não são pessoas trabalhando”, pontua Rogério Ribas. “Já uma bateria que, hoje, serviria a um caminhão para operar durante o dia e ficar recarregando a noite toda, você poderia, com a tecnologia do nióbio, servir a três ou quatro caminhões, aproveitando a recarga ultrarrápida”, prossegue ele. “Você faz mais com menos.”

Isso vale também para ônibus. E é por isso que, em novembro, a CBMM vai apresentar, juntamente com a Toshiba e a Volkswagen Caminhões e Ônibus, o primeiro protótipo de um veículo comercial do mundo — um ônibus elétrico, que utiliza baterias de recarga ultrarrápida com nióbio.

“A gente vai mostrar para o mercado como você pode ter um ônibus urbano para 52 passageiros, com um pack de baterias quatro vezes menor (que pesa 500 kg em vez de 2 toneladas), que você recarrega em até 15 minutos, e o ônibus pode rodar com uma autonomia perto de 100 quilômetros, com espaço para levar mais 15 pessoas, de forma segura”, resume Ribas. “É um modelo muito mais sustentável e econômico, do ponto de vista do operador.”

CBMM pretende continuar crescendo o mercado, apoiada na diversificação de sua receita. Em 2030, a expectativa é de que 25% de sua receita deve ser representada por produtos fora do aço. Antecipando-se a novos pedidos, a CBMM atua com excedente produtivo. “Hoje, a CBMM tem capacidade de produção de 150 mil toneladas de ferronióbio, que é a principal liga para a indústria siderúrgica. O mercado mundial é da ordem de 120 mil toneladas. Isso dá para a gente uma vantagem de garantir para os nossos clientes que eles podem continuar investindo nessa tecnologia”, explica Rogério Ribas.

Paralelamente, o Plano de Sustentabilidade da CBMM busca atingir a neutralidade de carbono até 2040. Atualmente, 100% da energia elétrica consumida pela empresa é proveniente de fontes renováveis. “Assumimos o compromisso de neutralizar tanto as emissões diretamente ligadas ao nosso processo produtivo quanto àquelas associadas à geração de energia que consumimos”, afirma o executivo.

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Por Redação

Publicado originalmente em: bit.ly/4665KOp

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