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Exame: Na contramão do mundo, Brasil vive alta no consumo de vinhos

País é destino de importações e polo de novas vinícolas nacionais

No ano passado, a vinícola Adega Cartuxa decidiu lançar, pela primeira vez fora de Portugal, a nova safra de seu icônico Pêra-Manca, safra 2018. O lançamento mundial do rótulo, que chega a custar 4.000 reais e é um dos mais renomados do mundo do vinho, representa um marco no crescente interesse do mercado global pelo consumidor brasileiro.

O Brasil se mostra um porto seguro para a venda de vinhos, especialmente em um cenário global marcado por guerras, dificuldades logísticas e aumento no custo de produção. Europa e Estados Unidos enfrentaram uma queda no consumo de vinho de 2% a 4% entre 2017 e 2022. A China registrou uma queda ainda mais acentuada, de 17%.

Em contrapartida, o Brasil teve um crescimento de 8%, segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho. “O Brasil está bem posicionado e tem espaço para crescer, pois o consumo por aqui ainda é baixo”, , diz Rodrigo Lanari, fundador da Winext. Além disso, o mercado de vinhos de luxo continua a ser imune a crises.

Segundo Marcos Leal, CEO do ­Víssimo Group, proprietário das marcas Grand Cru e Evino, os vinhos premium, com preços a partir de 20 dólares, crescem acima da média geral. Nos próximos dois anos, a previsão é de um aumento de 16% no consumo. “Temos um portfólio muito forte de Argentina e Chile por demanda do consumidor brasileiro, mas o que chama atenção é uma busca sempre constante por rótulos icônicos que passam de 1.000 reais”, afirma o executivo.

Esse movimento tem também impulsionado o surgimento de novas vinícolas em todo o Brasil, especialmente em terroirs emergentes, como o interior de São Paulo e Minas Gerais, além da criação de uma criação de uma indicação geográfica para vinhos no sul de Minas. As vinícolas que adotaram a técnica da poda invertida, responsável por elevar a qualidade dos vinhos elaborados fora do Rio Grande do Sul, se uniram em uma associação que já conta com cerca de 50 produtores, consolidando a força do setor e do mercado brasileiro.

“Quando falamos do mercado brasileiro de vinho fino, sem espumantes, 85% são importados e 15% são nacionais”, diz Adriano Miolo, diretor superintendente do Miolo Wine Group. “Esses novos terroirs têm um papel importante em trabalhos voltados para o enoturismo, pois ajudam a aumentar a percepção do consumidor sobre a alta qualidade do vinho nacional.”

Nos dez principais mercados globais de bebidas, incluindo o Brasil, as projeções indicam um crescimento anual de 7% no mercado de bebidas sem álcool até 2028, com um incremento de 4 bilhões de dólares, de acordo com dados da consultoria IWSR. Seja por motivos religiosos, de saúde ou geracionais, as bebidas sem álcool deixaram de ser uma tendência e se consolidaram como uma realidade.

Uma evidência desse fenômeno foi o número de vinícolas que apresentaram rótulos sem álcool na ProWine, o maior evento de trade de vinhos e destilados da América Latina, realizado no fim do ano passado. Entre as marcas brasileiras, houve um salto exponencial nas vendas, com crescimento superior a 100%. Recentemente, a Moët Hennessy, divisão de vinhos e destilados do grupo de luxo LVMH, adquiriu uma participação na French Bloom, produtora de vinhos espumantes sem álcool. Atenta a esse mercado em ascensão, a espanhola Freixenet também lançou uma linha de vinhos desalcoolizados.

Por Gilson Garrett Jr.

Publicado originalmente em: cutt.ly/SroNHojH

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