Siatt recebeu aporte de R$ 3 bilhões para aprimorar míssil que voa abaixo do radar e atinge alvos a 200 km de distância a quase 1.000 km/h
Empresa de defesa sediada em São José dos Campos (SP) que tem metade de seu controle sob capital emiradense, a Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico (Siatt) assinou um acordo de venda com a Abu Dhabi Ship Building (ADSB) para instalar mísseis Mansup de alcance ampliado (versão ER) nos futuros navios de ataque rápido Rabdan FA-400.
Projetado por engenheiros brasileiros inspirado nas versões do francês Exocet MM-40 Block II, o Mansup é acrônimo para Míssil Antinavio Nacional. Com alcance de até 70 quilômetros na versão padrão, o ER poderia atingir alvos até 200 km de distância em altas velocidades finais subsônicas (quase 1.000 km/h), após um curso supersônico que permite um voo rente ao mar, fugindo dos radares. Com uma ogiva de 150 quilos de explosivos, o artefato seria capaz de danificar seriamente qualquer navio de porte menor que um porta-aviões nuclear.
As FA-400 são embarcações leves projetadas pelo estaleiro militar dos Emirados Árabes Unidos (EAU) ADSB para atuar em águas costeiras e confinadas, como as do Golfo Pérsico, ameaçadas pela presença militar do Irã em um local de intensa circulação de petroleiros. Com 45 metros de comprimento, os barcos devem ser apresentados oficialmente na Naval Defence Exhibition & Conference (Navex), em Abu Dhabi, de 17 a 21 de fevereiro de 2025.
O acordo foi anunciado ocorreu em Paris, na feira Euronaval, com assinaturas de Paulo Salvador, diretor comercial da Siatt, e David Massey, CEO da ADSB, o braço marinho do Edge Group, conglomerado estatal militar do EAU que reúne 25 empresas adquiridas em países fora do Oriente Médio. É o caso da Siatt, que teve como sócios e parceiros de desenvolvimento as brasileiras Mectron, Avibras, Omnisys e Atech, antes de receber um aporte de R$ 3 bilhões dos EAU para atingir novos mercados.
Na prática é uma união entre quem já está coligado. Os mísseis existem, foram testados e, caso alguém compre a versão de prateleira dos FA-400, leva o Exocet em verde-amarelo no pacote. “Esta colaboração marca uma expansão fundamental para a Siatt no crescente setor de defesa dos Emirados Árabes Unidos. A parceria com a ADSB nos permite levar os sistemas avançados de mísseis para uma embarcação construída naquele país, reforçando nosso compromisso de contribuir para o seu ecossistema de defesa”, comentou Salvador.
O valor do negócio não foi divulgado, pois não há vendas concretas. Porém, no Dubai Air Show 2023 foi divulgado que o Mansup ER seria até 30% mais barata que o equivalente Exocet MM-40 versão ER. Cada míssil e sistemas sairia por volta de € 1 milhão (R$ 6,13 milhões), sem contar custos de treinamento e manutenção. Como cada barco pode levar seis mísseis, uma flotilha de três barcos renderia no mínimo R$ 111 milhões à empresa só na entrega.
Ainda que tenha seu sucessor em projeto, o Exocet é uma estrela militar longeva. Sua versão aérea inicial, a AM-39, ficou famosa nas mãos dos argentinos depois de afundar o destroyer britânico Sheffield e o cargueiro Atlantic Conveyor, na Guerra das Falklands-Malvinas, em 1982. Já o Mansup afundou uma fragata retirada de serviços em testes de tiro ao largo do Rio de Janeiro. Até oito mísseis equiparão as futuras fragatas brasileiras da classe Tamandaré. Uma versão de lançamento subaquático também é estudada para equipar os novos submarinos brasileiros das classes Riachuelo (4 unidades) e Álvaro Alberto (1), respectivamente de propulsão convencional e nuclear.
O que MONEY REPORT publicou: