Levantamento da RGS Partners mostra queda de 44% no semestre nas transações acima de R$ 50 milhões
O começo de 2022 foi marcado por mudanças no cenário econômico global que, com a alta de juros e da inflação, passou a ser de menor liquidez. Os reajustes também impactaram as fusões e aquisições (da sigla em inglês M&A) de empresas. Nos seis primeiros meses do ano, as transações movimentaram R$ 101 bilhões, uma queda de 44% em comparação com o ano passado, com R$ 180 bilhões. Os dados são do relatório M&A Brazil, produzido pela RGS Partners, que considerou todas as negociações acima de R$ 50 milhões com valor publicado.
Ao todo, foram registradas 108 transações em 2022 – foram 116 no mesmo período de 2021, uma queda de 7%. Entre os setores, tecnologia se destaca, sendo o maior em número de transações (26), seguido de instituições financeiras (14) e serviços de utilidade pública (13). Já em volume transacionado, o setor de utilities aparece em primeiro (R$ 30 bilhões), instituições financeiras aparecem novamente em segundo (R$ 24,3 bilhões), e energia em terceiro (R$ 11,6 bilhões). No ano passado, saúde liderava em volume investido.
O sócio da RGS Partners, Guilherme Stuart, afirma que as fusões e aquisições devem ser mais impactadas pela menor liquidez do mercado no segundo semestre, mas em proporções menores em relação a outros tipos de investimentos. “As estratégias que motivam um M&A não se alteram: as empresas seguem buscando formas de acelerar seu crescimento, expandir suas operações e acessar sinergias. Além disso, a correção de valuations, tanto de empresas listadas como privadas, se torna um atrativo para os compradores, que devem encontrar negócios mais vantajosos nesse cenário. Prova dessa tendência é que, enquanto o volume transacionado teve queda de 44%, o número de negócios caiu apenas 7%”, disse.
Houve ainda um aumento na presença de compradores estrangeiros, de 37% no primeiro semestre de 2021 para 46% em 2022. Quando considerada a participação em termos de volume financeiro, os brasileiros são mais dominantes, e representam 75% do total. Entre as principais transações do semestre, estão a compra da SulAmérica Saúde pela Rede D’Or, por R$ 15,7 bilhões; da Albacora Leste pela PetroRio por R$ 11 bilhões; e da Celse pela Eneva, no valor de R$ 10,2 bilhões.