Empresa brasileira é especializada em mísseis navais e antitanque, além de radares e aviônica
O Grupo Edge, um conglomerado estatal dos Emirados Árabes Unidos (EAU), anunciou nesta sexta-feira (29) a compra de 50% do capital da SIATT, empresa brasileira especializada em sistemas de alta tecnologia para armamentos inteligentes, radares e eletrônica de aeronaves (aviônica) para forças armadas, principalmente a brasileira. Os valores não foram revelados.
O acordo de aquisição foi assinado na sede da SIATT, em São José dos Campos (SP), e contou com a presença de Faisal Al Bannai, presidente do conselho de diretores Grupo Edge. Bannai é próximo do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, o xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan.
“Este é um momento de orgulho para a SIATT como líder regional no campo da tecnologia avançada de mísseis. O investimento do Grupo Edge em nossa expertise e em nossas renomadas capacidades é um testemunho da alta qualidade de nossos produtos e sistemas.”, afirmou Rogério Salvador, CEO e um dos fundadores da empresa brasileira.
A aquisição representa uma parceria estratégica entre as duas empresas e o resultado de uma iniciativa do governo Bolsonaro, que aproximou as empresas militares brasileiras do grupos capitalizados do EAU em busca do próspero mercado do Golfo Pérsico, sempre em vias de conflagração diante das tensões entre as vertentes sunitas e xiitas do Islã. Os brasileiros poderão aproveitar a escala e a experiência internacional dos emiradenses para a próxima geração de armas inteligentes – a preços em conta. Para as empresas brasileiras, o quinhão potencial seria de até US$ 6 bilhões (confira no link abaixo).
A SIATTtem um contrato com a Marinha do Brasil para desenvolver e fabricar um míssil antinavio com alcance máximo de 70 quilômetros baseado na versão embarcada do Exocet francês (MM40). Conhecido como Mansup (imagem), o míssil é guiado por radar (passivo e ativo), voa em velocidade supersônica rente ao mar para evitar detecção e pode afundar ou danificar qualquer belonave moderna. Mansup é o acrônimo de míssil antinavio de lançamento de superfície. Seu desenvolvimento custou mais US$ 100 milhões e demorou 11 anos. A intenção é enfrentar a francesa MDBA, cujo míssil antinavio tem alcance de 200 quilômetros, domina o mercado naval. Com a compra de metade do capital, o Edge quer desenvolver, em cooperação com o Brasil, mísseis com o mesmo alcance.
O portfólio de produtos da SIATT inclui armas inteligentes como mísseis e munições guiadas, bem como sua integração em aeronaves, embarcações navais, tanques e outros veículos terrestres. Além disso, a empresa também se destaca em tecnologias de radares, sensores e sistemas aviônicos. Entre seus armamentos está o MSS 1.2, um míssil anticarro operado por dois soldados de infantaria. Com 3 quilômetros de alcance e guiagem laser, pode destruir qualquer veículo com blindagem média ou leve existente. Contra os pesados tanques americanos, russos, alemães, israelenses, franceses, coreanos e japoneses, um disparo bem dado seria garantia de inutilização.
“O Grupo Edge está comprometido em colaborar com players estrategicamente importantes da indústria no Brasil, por meio de investimentos ou parcerias, com o objetivo de desenvolver capacidades de defesa avançadas e outras tecnologias relacionadas.”, finalizou Mansour Al Mulla, diretor administrativo e CEO do grupo.
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