O carioca Jorge Paulo Lemann mostrou ao mundo que o capitalismo brasileiro é bom — e dá resultados.
Lemann foi um dos responsáveis por tornar comum nas empresas nacionais temas como meritocracia e gestão focada em resultados. Implantou uma cultura que valoriza — e recompensa — o trabalho duro, a competência e a dedicação. Não por acaso, se tornou um dos empresários mais admirados do Brasil e o segundo homem mais rico do país, com uma fortuna estimada em US$ 22,7 bilhões.
Sua trajetória começou no começo dos anos 60, quando foi para a corretora Invesco, numa época em que o mercado de capitais engatinhava. O primeiro grande salto foi dado nos anos 70, quando comprou a corretora Garantia, que mais tarde se tornou um banco. O Garantia foi sua primeira escola de talentos. Por lá passaram nomes como Gustavo Franco, André Lara Resende e José Olympio Pereira.
No Garantia, Lemann implantou uma cultura que incentivava os funcionários de uma maneira infalível: oferecia aos melhores sociedade no banco. Na prática, essa cultura fazia com que todos, desde o mais jovem estagiário, agissem como donos da empresa.
Depois do Garantia, Lemann expandiu sua atuação para frentes diversas. Entre elas a compra da Brahma, que mais tarde fundiu com a Antárctica, fundando a Ambev. Na cervejaria, Lemann explicitou como a falta de uma cultura focada em resultados poderia levar um negócio à bancarrota. Quando chegou na Brahma, Lemann viu uma grande marca à beira da falência enquanto seus diretores recebiam salários felpudos e tinham à disposição funcionários particulares e helicóptero. A situação mudou com a cultura baseada no cumprimento de metas ambiciosas, que valia para todos.
Em 2014, Lemann recebeu da revista Forbes o título de “Conquistador da América”, por ter gestado um império de ações e empreendimentos, como a gestora 3G Capital, responsável pela Heinz e o Burger King no Brasil, junto com os sócios Marcel Telles e Beto Sicupira.
Hoje em dia, o modelo de Lemann tem sido colocado em xeque. No ambiente de negócios do século 21, que valoriza questões como bem-estar, qualidade de vida, um propósito que vai além do lucro e experiência do consumidor, seus negócios parecem não ir tão bem. Nesse momento, sua maior contribuição tem sido produzir talentos em áreas como a política — resultado de seu trabalho na filantropia. Lemann empresta seu nome a fundações que concedem bolsas de estudo e outros incentivos para jovens promissores mas sem condições de bancar um estudo de qualidade. Lemann pode dizer, em tom de brincadeira, que tem uma bancada no Congresso. Passaram pelas fundações de Lemann os deputados Daniel José (Novo-SP), Felipe Rigoni (PSB-ES), Tabata Amaral (PDT-SP), Tiago Mitraud (Novo-MG) e Renan Ferreirinha (PSB-RJ).
Entre as frases conhecidas de Jorge Paulo Lemann, uma resume o seu modo de pensar e o sucesso na carreira.
“Um bom negócio está sempre procurando crescer. Qualquer que seja o grau de sucesso, sempre há espaço para melhorar. Isso assegura a competitividade.”