Incorporação da unidade do Pecém, produtora de placas no Ceará, contribuiu para a performance da empresa
A ArcelorMittal Brasil reportou ao mercado nesta segunda-feira resultados financeiros e operacionais acima das expectativas em 2023, apesar da pressão imposta pela importação de produtos de aço e do baixo crescimento do consumo interno. Contribuiu para o bom desempenho a consolidação da unidade do Pecém (antiga Companhia Siderúrgica do Pecém), que passou a reportar seus resultados junto à ArcelorMittal Brasil desde março do ano passado.
Com a aquisição da unidade do Pecém, a ArcelorMittal se firmou como a maior produtora de aço do Brasil e da América Latina, com uma produção de 14,8 milhões de toneladas em 2023 (somando as operações no Brasil, Argentina e Costa Rica), o que representou um aumento de 16,5% em relação ao exercício anterior. Além da incorporação de Pecém, os resultados da empresa foram sustentados pela performance operacional de suas unidades, foco em produtos exclusivos e de alto valor agregado, estabelecimento de sinergias e redução de custos.
O volume de vendas em 2023, de 14,4 milhões de toneladas, representou acréscimo de 15,9% na comparação com o ano anterior. A receita líquida foi de R$ 69,8 bilhões, uma leve queda de 2,6% na mesma comparação. Já o ebitda foi de R$ 9,2 bilhões, retração de 38%, mas suficiente para registrar uma margem ebitda de 13% sobre a receita líquida.
O lucro líquido da companhia atingiu R$ 4,1 bilhões, diminuição de 54,5% em relação a 2022, mas acima das expectativas para um ano marcado por adversidades e por um mercado interno impactado pelo aumento das importações de aço. Tais resultados também se justificam por um segundo semestre mais fraco, com menores vendas de aço no Brasil e no mundo, o que deprimiu globalmente os preços das commodities metálicas.
As duas operações de mineração no Brasil (Mina de Serra Azul e Mina do Andrade, ambas em Minas Gerais) performaram bem ao longo do ano, com aumento de 3,3% nos volumes produzidos (para 3,4 milhões de toneladas no ano).
“Os resultados mostram a resiliência e a capacidade de reação da ArcelorMittal Brasil em momentos desafiadores. São, também, reflexo do esforço contínuo de todo o nosso time focado na excelência das operações industriais, na inovação e na agregação de produtos e serviços de alta qualidade para os clientes. Nossas plantas são, hoje, referência mundial em performance e sustentabilidade”, afirmou Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM.
Investimentos
Apesar do mercado adverso, a ArcelorMittal manteve seu programa de investimentos em expansão, o maior em andamento no setor siderúrgico brasileiro, que somará R$ 25 bilhões. Em março de 2023, foi concluída a incorporação da unidade do Pecém com a aquisição da totalidade das ações por R$ 11,2 bilhões, consolidando a ArcelorMittal como líder e maior produtora de aço do Brasil e da América Latina. A usina tem a capacidade de 3 milhões de toneladas/ano e está estrategicamente localizada no Complexo do Pecém, com acesso, via correias transportadoras, ao Porto do Pecém. Essa estrutura possibilita a integração da unidade à rede global de produção de aço da ArcelorMittal.
“O resultado desse primeiro ano de operação integrada mostrou o acerto dessa aquisição estratégica. A Unidade do Pecém bateu seu recorde histórico de produção, de cerca de três milhões de toneladas de placas, abastecendo unidades de laminação da ArcelorMittal nos Estados Unidos e em outros países, além do mercado interno”, afirmou Jorge Oliveira, vice-presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Planos Latam.
Além da aquisição da unidade do Pecém, foi formalizada em 2023 uma joint venture com a Casa dos Ventos e iniciada a construção de um dos maiores parques eólicos do país, instalado na Bahia, com capacidade de produção de 553,5 MW, que prevê investimento de R$ 4,2 bilhões. Trata-se do maior contrato corporativo de energia renovável do país e visa abastecer com energia limpa aproximadamente 40% do consumo elétrico da empresa no Brasil. Este investimento faz parte do esforço de descarbonização da ArcelorMittal, que foi pioneira ao lançar a meta de ser carbono neutra até 2050, com um passo intermediário de reduzir as emissões em 25% até 2030.