“Women in the boardroom” mostra que o Brasil registrou um aumento de 1,8% nas posições de liderança femininas
Hoje, 19,7% dos cargos em conselhos de administração – o topo da hierarquia em uma grande companhia – no mundo são ocupados por mulheres. O Brasil está bem atrás. Por aqui, esse índice é de 10,4%. Ainda assim, representa um avanço: o país registrou um aumento de 1,8% no número de cadeiras ocupadas por mulheres.
Essas são as conclusões da pesquisa “Women in the boardroom”,da consultoria Deloitte, feita em 51 países com a participação de 10.493 empresas. Para a análise, apenas diretorias ativas e membros de comitês foram considerados.
“A conscientização que vem acontecendo nos últimos anos em relação à equidade de gênero levou a ações mais concretas dos governos e da iniciativa privada para vermos a participação feminina aumentar nos cargos de liderança”, afirma Venus Kennedy, sócia e líder do Delas, programa de diversidade de gênero da Deloitte no Brasil. Segundo a sócia da Deloitte, o aumento de 8,6% para 10,4% de mulheres ocupando posições em conselhos no Brasil é “encorajador e um lembrete de que esse foco e esforço podem ter resultados tangíveis”. Ela reconhece, no entanto, que ainda há um longo caminho a percorrer.
França lidera
Do total de 165 empresas pesquisadas no Brasil, há 115 mulheres nos conselhos e apenas 4,4% delas ocupam a cadeira da presidência. Houve queda nesse índice, que era de 6,5% na edição anterior. Em 2016, no entanto, esse número era muito menor (1,5%).
Os cinco setores da economia que têm mais mulheres nos conselhos no Brasil são tecnologia, mídia e telecomunicações (14,7%); Bens de consumo (11,5%); Energia (11%); Manufatura (10,1%) e Serviços financeiros (9,8%).
Os países que contam com mais mulheres em cargos nos conselhos , de acordo com a pesquisa, são: França (43,2%), Noruega (42,4%), Itália (36,6%), Bélgica (34,9%) e Suécia (34,7%). Por outro lado, os países com menos mulheres ocupando tais cargos são: Qatar (1,2%), Arábia Saudita (1,7%), Kuwait (4%), Coréia do Sul (4,3%) e Emirados Árabes Unidos (5,3%). A Argentina, país vizinho ao Brasil, vem na sequência com 7,5%.
A pesquisa mostra ainda que dos cargos de CEO no país, 1,2% são ocupados por mulheres um aumento com relação ao dado anterior, de 0,8%. “É evidente que as mulheres ainda enfrentam barreiras para alcançar posições de liderança. Mas, se combinarmos esforços das empresas, o apoio de organizações não governamentais (ONGs) e o interesse dos governos, podemos imaginar uma melhora no futuro”, afirma Angela Castro, sócia e líder da estratégia de diversidade ALL IN da Deloitte.
Tempo no cargo
O prazo médio que as mulheres atuam como membros de conselho é de 4,4 anos. Entre os homens, essa média é de 5,8 anos. Na presidência do conselho, o tempo médio para mulheres também é de 4,4 anos – ante 5,7 anos para homens.
A média de idade das mulheres membros dos conselhos é de 52,6 anos; enquanto dos homens é de 58,6. Quando se trata da presidência dos conselhos, a idade média das mulheres sobe para 62 anos (ante 61,1 dos homens).
No Brasil, os comitês com maior presença feminina são os de Auditoria (com 11,5% de mulheres como membros e 8,6% como presidentes, respectivamente), Governança (15,7% e 12,5%), Nomeações (12,7% e 14,6%), Compensação (14,6% e 14,1%) e Riscos (12,7% e 7,0%).
Equidade de gênero
A equidade de gênero é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Pacto Global da ONU. De acordo com um estudo da consultoria LHH, em 2018, a igualdade entre homens e mulheres nas empresas agrega em média 21% no lucro e afeta a imagem da empresa junto aos clientes e a sociedade.
Segundo Mara Turolla, gerente de desenvolvimento de talentos e diversidade da consultoria LHH, as companhias que aumentaram a presença de mulheres em até 30% nos cargos de liderança tiveram aumento de 15% na rentabilidade. “Estamos falando de geração de valor, seja para a marca, para empresa, para sua cadeia produtiva etc.”, detalha Mara Turolla, lembrando que ainda é preciso avançar, pois o número de empresas que possuem mulheres nos conselhos de administração e na alta liderança ainda está muito longe da equidade.
O que MONEY REPORT publicou
- Uma agenda de desafios para debater no Dia Internacional da Mulher
- Um viva às mulheres – e à diversidade. Em MR, celebramos a inclusão
- Sem gente nova ninguém faz a diferença
- Elas vão conseguir mais espaço
- Contratação de lideranças femininas mais que dobra em 2021
- Brasil está em 78º lugar no ranking da igualdade de gênero
- Mulheres são mais conectadas, mas acessam menos serviços digitais
- Solidariedade brasileira (de verdade) às mulheres ucranianas