Pai do empresário Flávio Rocha, conhecido pela defesa da agenda liberal no Brasil, Nevaldo Rocha sempre foi avesso a entrevistas. Uma breve pesquisa pelas páginas do Google e acervos dos principais veículos nacionais mostra a dificuldade em achar declarações públicas do empresário. No entanto, essa discrição contrasta com sua trajetória como empreendedor, marcada por ousadia e superação.
Nascido no dia 21 de julho de 1928, na cidade de Caraúbas (RN), Nevaldo teve uma infância pobre no sertão nordestino. Sua vida só começou a mudar aos 12 anos, quando partiu para Natal em busca de trabalho. Na capital do Estado, ele conseguiu emprego como vendedor em uma relojoaria. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele enxergou uma oportunidade de ganhar dinheiro na Base de Parnamirim, que tinha um fluxo intenso de militares brasileiros e americanos. A venda de relógios no local foi tão bem-sucedida que Nevaldo juntou capital suficiente para comprar o estabelecimento onde trabalhava.
Em 1947, o empreendedor abriu a loja de roupas “A Capital” ao lado do irmão, Newton Rocha. O sucesso do empreendimento fez a empresa se expandir no mercado têxtil, com a abertura de novas unidades e a construção de uma pequena confecção na cidade de Recife, em 1951. Cinco anos depois, a família fundou o Grupo Guararapes – holding que controla os negócios do clã até hoje.
No entanto, o grande passo para o crescimento da empresa foi dado em 1979, quando o grupo comprou as redes Riachuelo e Wolens, entrando de vez no varejo têxtil. A expansão da marca Riachuelo transformou a companhia em uma das maiores empresas de moda do Brasil. Só em 2018, o conglomerado fundado por Nevaldo faturou R$ 7,2 bilhões. Os números da operação renderam frutos para a família Rocha, que aparece na lista de bilionários da revista Forbes em 2019, com fortuna estimada em US$ 2,2 bilhões (R$ 8,75 bilhões).
Em uma declaração rara, Nevaldo revelou os “mandamentos” que guiaram sua trajetória empresarial: “Carrego comigo cinco palavras que acredito terem nos trazido até aqui: honestidade, simplicidade, foco, transparência e meritocracia.”