Dale Carnegie é autor do primeiro livro de autoajuda que se tem notícia: “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”. Lançado em 1936, vendeu mais de 50 milhões de cópias e ensinou uma legião de pessoas a canalizar sua ambição num mundo em que a comunicação passou a ser importantíssima para se chegar ao sucesso.
É possível comparar as primeiras décadas do século 20 com este início de século 21. A eletricidade provocou uma onda fortíssima de industrialização e criou novos serviços, impulsionando o entretenimento e construindo novos mercados, especialmente nas grandes cidades. É possível criar um paralelo entre esta era e a disseminação da Internet e as possibilidades da economia digital que se abriram com a introdução do smartphone no início dos anos 2000.
Nas primeiras décadas do século, Carnegie conseguiu entender essas mudanças e perceber os anseios da classe média urbana que se expandia e, ao mesmo tempo, desejava ascender. Ele próprio entendia a ambição como poucos. Nascido numa família numa cidadezinha do Missouri, Carnegie era o aluno mais pobre de sua escola. Mas, desde pequeno, notou que tinha o dom da oratória. Pavimentou seu caminho à faculdade e tornou-se um vendedor habilidoso do frigorífico Armour dependendo unicamente de sua lábia. Já em Nova York, começou a dar cursos de oratória e persuasão. No início, achava que seu público seria formado basicamente por empreendedores. Logo, porém, aprendeu que havia muito mais interessados entre funcionários de empresas que estavam preocupados com suas carreiras – e apostou todas as fichas neste perfil de cliente.
Seus cursos utilizavam técnicas de psicanálise e dinâmicas aproveitadas do teatro e, por isso, eram um sucesso. Durante as palestras, incentivava os alunos a romper com suas barreiras psicológicas, instigando-os com ironias ou comentários jocosos. As emoções despertadas durante o processo frequentemente jogavam as pessoas da plateia no caminho da eloquência. O chamado “Dale Carnegie Training” foi franqueado para mais de 80 países e chegou a contar, neste período, com 2 700 treinadores licenciados. Detalhe: essas franquias existem até hoje, 64 anos após a morte de Carnegie.
Coincidência ou não, o grande impulso em sua carreira ocorreu em 1922, quando trocou a grafia original de seu sobrenome (Carnagey) para Carnegie, o mesmo do industrial Andrew, um dos homens mais ricos dos Estados Unidos na época e falecido um pouco antes, em 1919.
Por que Dale Carnegie é nosso escolhido para ser o CEO Improvável da semana?
Trata-se de um homem que abraçou sua ambição e percebeu exatamente o talento poderia usar para subir na vida. Uma vez estabelecido como vendedor de carnes e ganhando muito dinheiro, resolveu apostar numa nova carreira. Decidiu ser ator e produtor de teatro. Alcançou o sucesso e ganhou muito dinheiro, com o espetáculo “Polly of the Circus”, que mais tarde viraria um filme com Clark Gable. Após o teatro, fez uma nova aposta profissional e se transformou em um nome consolidado como orientador de oratória.
Carnegie vislumbrou esse mercado como ninguém jamais ousara. Foi uma espécie de precursor daquilo que hoje chamam de “coach”. Promoveu inúmeros cursos. Escreveu vários livros, além de “Como fazer amigos” e criou uma escola de treinamento. Enfim, fez da busca pelo sucesso e da ambição pessoal suas principais matérias-primas. Enxergou um nicho de mercado que ninguém conseguiu explorar tão bem. Afinal, reza a lenda do mercado editorial, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” só perde em vendas, no mundo inteiro, para um único livro: a Bíblia Sagrada.