Relatórios indicam que o Master só teria condições de pagar metade das obrigações que assumiu com os compradores
Depois do Conselho Monetário Nacional (CMN) é a vez do Ministério Público Federal (MPF) jogar atenções sobre a intenção de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), instituição financeira pública ligada ao governo do Distrito Federal. A operação foi anunciada em 28 de março e atingiria R$ 2 bilhões. De início, o BRB ficaria com 58% do capital total e 49% das ações ordinárias (om direito a voto) e 100% das preferenciais do Master.
A aprovação por parte do CMN poderia demorar até um ano, mas em pouco tempo surgiram suspeitas de irregularidades.de Certificado de Depósito Bancário (CDBs) e Certificados de Depósitos Bancários (CDIs) até o final de 2025.
O caso passará por um procedimento preliminar, quando a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) decidirá se a investigação seguirá ou será arquivada. A operação também é investigada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), pelo Ministério Público de Contas do Distrito Federal e o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) pode ser acionado.
Por isso, o MPF quer entender como se daria a aquisição de um banco privado que oferece altos dividendos pelo BRB, que é público. Há temor que o BRB esteja pagando alto demais por ativos de risco e baixa liquidez.
Como estão as contas?
- O balanço apontou que o Master fechou em 2024 com um patrimônio líquido de R$ 4,7 bilhões, com um lucro de R$ 1 bilhão. Em 2023, o patrimônio líquido foi de de R$ 2,3 bilhões, com lucro líquido de R$ 523 milhões;
- Porém, relatórios indicam que o Master só teria condições de pagar metade das obrigações que assumiu com os compradores de CDBs e CDIs até o final de 2025;
- Procuradores e promotores suspeitam que o resultado oculta fragilidades, resultado da política agressiva para captação de recursos do Master, com rendimentos de até 140% em CDIs;
- A taxa é superior às médias de bancos pequenos, em torno de 110% a 120%. Os grandes bancos não chegam a ultrapassar 100%;
- O Master também enfrenta a desconfianças. Recentemente, a instituição tentou uma emissão de títulos em dólares, mas não conseguiu captar recursos;
- Operações com precatórios e títulos de dívidas de governos com sentença judicial definitiva aumentaram dúvidas sobre a situação financeira da instituição. Este montante atinge R$ 23 bilhões;
- Em seu favor, o Master possui direitos creditórios (uma espécie de pré-precatório) de R$ 14 bilhões resultantes de uma ação julgada no TRF-1 que só aguarda ordem de pagamento. O valor é decorrente de indenizações decisão do governo ao Instituto do Açúcar e do Álcool;
- Mais de R$ 2 bilhões em ativos de risco e baixa liquidez foram localizados pelo BRB nas contas do Master e retirados da negociação.
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