Jacek Olczak disse ao Financial Times que 10% de seu investimento a longo prazo estava vinculado a metas ESG
Uma das maiores empresas da indústria do tabaco está se posicionando como um investimento socialmente consciente. O CEO da Philip Morris International (PMI), fabricante do cigarro Marlboro, afirmou ao Financial Times que acredita que os investidores que abandonaram as ações da empresa de tabaco nos últimos anos eventualmente retornarão, motivados pelos produtos de nicotina à base de vapor, como os cigarros eletrônicos.
Atualmente, cerca de um terço da receita da PMI vem das vendas de seus produtos sem fumo, e a empresa planeja se tornar majoritariamente livre de fumo nos próximos dois anos. A maior parte dessas vendas é composta pelos produtos de “tabaco aquecido” da PMI, que utilizam eletricidade para aquecer o tabaco em vez de queimá-lo.
Quando questionado se ele acredita que a Philip Morris poderia eventualmente ser classificada como uma ação ESG (ambiental, social e de governança), Jacek Olczak respondeu afirmativamente. Ele mencionou que alguns fundos que evitavam ações de tabaco no passado têm demonstrado interesse temporário na empresa, embora tenha se recusado a identificá-los.
Em um comunicado à CNN, um porta-voz da empresa esclareceu alguns dos comentários feitos por Olczak. Ele afirmou que a intenção da empresa não é apenas se tornar livre de fumo, mas também tornar os cigarros obsoletos, o que exigirá mudanças sistêmicas.
A Philip Morris International, sediada na Suíça, é a multinacional responsável pela venda dos cigarros Marlboro em mercados fora dos Estados Unidos. Ela foi separada do Altria Group em 2008, que controla a Philip Morris USA.
A estratégia de investimento ESG tem ganhado popularidade em Wall Street e normalmente exclui empresas com produtos ou práticas prejudiciais ao meio ambiente ou à harmonia social. No entanto, não há critérios firmes e amplamente aceitos para o investimento ESG, deixando aos gestores de fundos a decisão sobre quais empresas se enquadram nessa categoria.
Jacek Olczak revelou que 10% de sua remuneração de longo prazo está agora ligada a metas ESG, embora ele tenha expressado preocupações sobre as convenções ESG que limitaram o crescimento da PMI nos últimos anos.
Apesar disso, Olczak elogiou o compromisso da PMI com a transparência e reconheceu que o uso de trabalho infantil em suas cadeias de fornecimento de tabaco prejudicou a classificação ESG da empresa. A PMI afirmou estar empenhada em eliminar o trabalho infantil sistêmico em sua cadeia de fornecimento de tabaco e que 30% da remuneração dos executivos está ligada ao índice interno de sustentabilidade da empresa – 10% para sustentabilidade operacional e 20% para sustentabilidade do produto.