Equipamento foi desenvolvido por startup em parceria com cientistas da USP e UfsCar; purificadores de água produzirão cerca de um milhão de litros de água potável ao dia
Na última quarta-feira (8), uma doação de 220 purificadores de água PW5660 chegou ao RS (Rio Grande do Sul) — que está enfrentando os efeitos severos de uma crise climática. A tecnologia de filtragem utilizada pelo equipamento foi desenvolvida por uma parceria de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) com a startup PWTech.
Cada equipamento que utiliza a tecnologia brasileira consegue filtrar cerca de 50 mil litros de água por dia, tornando-a potável. No total, somando a capacidade de todos os aparelhos entregues, será possível produzir mais de um milhão de litros de água potável por dia.
De acordo com a primeira-dama, Janja Lula Silva, a doação aconteceu devido a uma parceria entre o influenciador Felipe Neto e o prefeito de Araraquara/SP, Edinho Silva (PT). Veja a postagem:
Como funciona a tecnologia brasileira
O processo de purificação de água do PW5660 utiliza a lógica de dialisadores de hospitais, aqueles usados em sessões de hemodiálise — o processo de filtração de impurezas do sangue feito em pacientes com problemas nos rins.
“Se você filtra o sangue e a pessoa não morre, logicamente que esse filtro vai filtrar a água. Então, a gente adaptou ele para a filtragem de água e ele é uma barreira física para vírus e bactérias. Seja ele qual for, não passa pela membrana de diálise. Daí sai uma água dentro das características de água potável, segundo o Ministério da Saúde, para fontes não alternativas de água”, explicou Fernando Marcos Silva, CEO e um dos fundadores da PWTech.
Na prática, a filtração ocorre da mesma maneira que em uma estação de tratamento de água. A primeira etapa consiste em passar o líquido por um clorador, e, em seguida, por dois níveis de filtro particulado.
Por fim, a água passa por uma membrana de ultrafiltração, filtro usado em máquinas de diálise. Todas as etapas garantem a qualidade final: uma água potável, sem vírus e bactérias. Além disso, o processo também reduz até 99,5% de partículas finas de sólidos suspensos no líquido, substâncias que deixam a água turva.
Assim, o purificador pode tanto transformar águas contaminadas de rios, lagos e poços do estado do RS em água potável. O equipamento também pode ser utilizado para tratar água da chuva, a fim de que se torne própria para consumo humano.
Para facilitar seu uso em situações de emergência, quando são necessários, e em comunidades carentes e de difícil acesso, os purificadores de água são portáveis. Além disso, são aparelhos bivolt, que podem funcionar à base de energia elétrica, produzida por meio solar fotovoltaico ou gerador automotivo.
De acordo com os desenvolvedores, além da energia, a única necessidade para operar o purificador é um recipiente para depositar a água potável após o tratamento.
Impacto mundial
Com o produto, a empresa venceu licitações internacionais da ONU (Organização das Nações Unidas). Dessa forma, o purificador de água com tecnologia brasileira está trabalhando para auxiliar pessoas em ações humanitárias mundo afora.
A empresa não vende o purificador para o consumidor final. Por isso, apenas instituições governamentais e empresas podem utilizá-lo. O envio é feito pelo Unops (Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos).
Até agora, o purificador de água atua em 20 países, entre eles Ucrânia, Haiti, Síria, Líbia e Gaza.
No Brasil, além do RS, o aparelho que purifica a água também opera na aldeia Taracoa, do povo Yanomami, no Amazonas, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, e deve chegar a escolas na região de Macaé, no Rio de Janeiro.
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