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Sem dinheiro dos donos, situação da Americanas só vai piorar

Companhia declarou dívidas de R$ 43 bilhões com 16,3 mil credores. Reputação de acionistas está em jogo e fornecedores podem acionar seguros

O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, aceitou nesta quinta-feira (19) o pedido de recuperação judicial (RJ) das Americanas, dando um prazo de 48 horas para que a empresa apresente a lista completa de credores e o detalhamento da dívida. A companhia declarou em seu pedido dívidas de R$ 43 bilhões de um total de 16.300 credores. Até o terceiro trimestre de 2022 (dado do último balanço financeiro), antes da revelação do rombo nos balanços, a empresa informava um endividamento bruto de R$ 19,3 bilhões.

Diante das conturbações do início de uma recuperação judicial, assim como toda varejista a Americanas precisará de fôlego para não rebaixar a reputação de seus acionistas de referência. Esse respiro pode vir de uma solução para repor o estoque das unidades, mesmo sem crédito junto a bancos e fornecedores.

Não existe mágica, mas a estratégia pode ter duas frentes. A primeira, parte do próprio grupo de controladores, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, donos do 3G Capital, que pretenderiam manter a liquidez em patamares que permitam o bom funcionamento da operação física, do canal digital, da americanas.com, da Ame e suas demais coligadas. Neste caso, o coelho na cartola seria a injeção de dinheiro.

Indenizados

A segunda, que deve ser insuficiente, vem das apólices detidas por fornecedores da rede, que teriam coberturas de R$ 1,2 bilhão a até R$ 3 bilhões. O deferimento por um juiz de uma RJ é condição prevista nos contratos como iniciadora de um sinistro no seguro de crédito. O termo sinistro é usado pelo setor para definir um acontecimento que cause danos ao bem segurado e justificaria indenização. No caso de RJ, as seguradoras teriam até 30 dias para pagar fornecedores que detêm apólices. Ou seja, o estrago na Americanas criará ondas com efeitos distantes.

Controlar essa situação é tarefa para poucos e o dia a dia exigirá perspicácia para lidar com as lacunas que serão abertas, para não dizer escancaradas. Basta ver a questão digital. Americans, Submarino e Shoptime formam um dos maiores grupos de comércio digital no país, responsáveis pelas vendas trimestrais de R$ 11,7 bilhões. Além disso, as 3,6 mil lojas físicas da rede terão que conviver em um limbo, assim como os 40 mil funcionários. Como manter operações deste tamanho? No primeiro dia de prova de fogo, o que se viu foram lojistas dobrando o preço dos produtos para simplesmente não vender pelas plataformas da companhia, a fim de evitar ficar com recebíveis de cartões que não serão pagos por causa da recuperação judicial.

Ou seja, foi estabelecido o ciclo vicioso. Ninguém vende para evitar ficar sem receber por causa da RJ, o dinheiro não entra, o rombo aumenta e a casa cai sem dinheiro vindo de fora para reconstruir a confiança destruída por mutretas que passaram batidas pelas auditorias – esse é outro problema, afinal R$ 20 bilhões não é problema que se esconda na gaveta. Pelo que se entende do rolo até agora, classificações erradas para fornecedores impediam que os bancos cobrassem antecipadamente como se estivessem diante de dívidas financeiras. Ou seja, essa ficção contábil distorcida agora faz com que ocorram também antecipações de cobrança e alterações nas linhas de crédito. Só piora e a culpa é dos gestores.

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