Conheça os pontos que precisam ser esclarecidos. Para funcionar, programa precisará de integração de informações

O programa governamental Voa Brasil de passagens aéreas por até R$ 200 foi lançado oficialmente nesta quarta-feira (24), após o primeiro anúncio, ocorrido em março de 2023. Nesta primeira fase o enfoque serão os aposentados, com a oferta de a oferta de 3 milhões de bilhetes mais baratos para um público de 23 milhões de brasileiros. Por isso, MONEY REPORT aponta os pontos fracos da iniciativa. O governo afirma que avaliará a primeira fase do programa para fazer ajustes.

O que pode dar errado

• Como as ofertas serão das companhias, é possível a opção por voos mais vazios em algumas rotas (passageiros e bagagens pesam e podem aumentar o custo da hora voada);
• Não está claro quais serão as rotas com mais ofertas;
• Quais distâncias podem ser percorridas com um bilhete de R$ 200?;
• Como a aviação civil é uma atividade de capital intensivo, com margens estreitas e elevados custos em dólar, as companhias precisam de extremo cuidado na gestão de caixa. As ofertas de passagens precisam ser bem calibradas;
• A concorrência no mercado brasileiro é restrita, com apenas três grandes companhias: Latam, Gol e Azul;
• O governo diz que não terá custos, mas de quem será a responsabilidade no caso de problemas de relações de consumo hora das vendas?
• Como ficam as companhias regionais neste cenário?
• Quais os períodos do ano com mais passagens? Faltou um mapeamento.

Para ter direito à compra, o aposentado não pode ter viajado de avião nos últimos 12 meses. É aí que começam os problemas. As rotas mais densas dificilmente oferecem passagens neste valor, como a Ponte Aérea Rio-SP. O mesmo vale para rotas mais longas. Assim, a oferta ficaria muito limitada e concentrada fora dos períodos de férias – o que faz sentido.

Outro ponto é a organização. O monitoramento deverá ser feito pelo governo, mediante cadastro no portal gov.br. O problema é que a plataforma não está disponível e para funcionar precisa do cruzamento de informações oferecidas pelas companhias aéreas para saber quem viajou de avião no último ano em território nacional.

Quando encontrar uma passagem, o aposentado será redirecionado para o site de companhia aérea que fez a oferta a fim de fechar a compra com desconto. O governo não vai subsidiar o programa, que deve ser abastecido pelas próprias companhias.

De acordo com governo, a aviação civil brasileira transportou 112 milhões de passageiros em 2023. Cerca de 12% (mais de 13 milhões) das passagens custaram até R$ 200. Daí a escolha deste valor para tentar ocupar parte das poltronas ociosas.

De início, o governo previa a inclusão de alunos do Programa Universidade Para Todos (Prouni) – de bolsas universitárias para alunos de baixa renda.