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A direita está assimilando as urnas eletrônicas?

Nesta semana, tivemos indícios de que a direita pode, em breve, se afastar do discurso monocórdio sobre o uso de urnas eletrônicas nas eleições – pelo menos é o que mostram três declarações de símbolos importantes do conservadorismo aqui e nos Estados Unidos.

O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve em uma “live” acompanhado do governador Tarcísio de Freitas, que professou sua lealdade ao mentor político e afirmou ser candidato à reeleição. Bolsonaro, por sua vez, deu uma declaração que surpreendeu a muitos. “Aquela imagem da Carla Zambelli da forma que foi usada, perseguindo o cara lá. Teve gente que pensou: ‘Olha, o Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. Ela tirou o mandato da gente”, disse o ex-presidente.

No período que antecedeu o segundo turno das eleições, no entanto, Zambelli não foi a única bolsonarista a se meter em uma confusão estratosférica. O ex-deputado Roberto Jefferson também deu sua contribuição à derrota do candidato à reeleição. No final de semana anterior à segunda etapa do pleito, disparou mais de 50 tiros e jogou granadas em direção aos oficiais da Polícia Federal que iriam detê-lo em sua residência.

De qualquer forma, a declaração de Bolsonaro indica que ele reconhece a derrota e a atribui a algo palpável, como a divulgação das imagens da deputada Zambelli, de arma em punho, perseguindo um cidadão que a fustigou em público. Foi a primeira vez que o ex-presidente não falou sobre uma suposta manipulação de resultados ou sobre uma eventual insegurança das urnas eletrônicas para justificar o resultado de 2022.

O governador Tarcísio também entrou nessa seara. Ele disse, no Palácio de Justiça em São Paulo, um dia antes:

– O Brasil veio se tornando referência em termos de velocidade, de apuração, de tecnologia. Muitos países têm que olhar para o Brasil e ver o que está sendo feito aqui. O Brasil se tornou, de fato, uma grande referência.

Atacado por bolsonaristas, ele evitou o confronto. “O que eu falei foi da Justiça Eleitoral, instituição Justiça Eleitoral, acho que a gente tem que separar as coisas”, afirmou. “Eu disse que a Justiça Eleitoral tem tido uma missão de garantir as eleições em todo o país, tem um esforço logístico muito grande, tem conseguido apresentar resultados com oportunidade. Isso é interessante. Isso não quer dizer que aquilo que é falado, que se busca aumentar a segurança do pleito, que isso não tenha que ser pensado ou visto”.

Ainda nesta semana, o presidente Donald Trump baixou um decreto mudando as regras de identificação de eleitores para as eleições americanas e citou a tecnologia brasileira como exemplo que ajuda a evitar fraudes. O presidente americano escreveu “Apesar de ter sido pioneiro em autogoverno, os EUA agora falham em aplicar proteções eleitorais básicas e necessárias empregadas por nações modernas e desenvolvidas, assim como por aquelas ainda em desenvolvimento. Índia e Brasil, por exemplo, estão vinculando a identificação de eleitores a um banco de dados biométrico, enquanto os EUA em grande parte dependem da autodeclaração de cidadania”.

Não chega a ser uma defesa das urnas eletrônicas, é verdade, mas trata-se de um reconhecimento incontestável de que a biometria adotada pelo Brasil é um sistema muito mais seguro do que o utilizado nos Estados Unidos – que poderia, segundo Trump, permitir que imigrantes ilegais, por exemplo, tenham acesso às urnas e votem para escolher o presidente da República.

Evidentemente, a segurança de qualquer sistema eleitoral pode e deve ser reforçada frequentemente. Mas, para agradarmos os críticos de plantão, teremos de mudar a Constituição brasileira, que prevê o voto secreto e inviolável. Por conta disso, é possível fazer uma auditoria em todas as urnas. Mas não será possível ver que o voto “X” foi dado pelo eleitor “Y”. O que estará registrado, assim, é o aquele sufrágio ligado a um código que preserva a identidade do cidadão.

É interessante, porém, ver que começamos a evoluir, finalmente, na discussão desse tema. Ainda estamos longe de erradicar o terraplanismo eleitoral. Mas, com paciência e perseverança, chegaremos lá.

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Comentários

Uma resposta

  1. Este assunto beira o surrealismo. E me deixa totalmente indignado com a desonestidade. Porque é tão óbvio quanto 1+1.
    . Em primeiro lugar, sempre achei “curioso”, que Bolsonaro e seus defensores não questionaram o resultado das urnas, quando este venceu a eleição. Somente quando ficou claro que Bolsonaro iria perder, é que resolveram levantar suspeição…sei.
    . Muitas foram as tentativas de desqualificar as urnas. Inclusive com auditoria, testes, etc, das forças armadas. NADA! Ainda assim, o discurso mentiroso continuou.
    . Quando Tarcísio, Nunes, Eduardo Bolsonaro, dentre outros, foram eleitos, não se tocou no assunto.
    Agora, o ícone maior da direita, da maior democracia do mundo, Donald Trump, vem e dá seu aval público ao nosso sistema eleitoral. Que EVIDENTEMENTE é muuuito mais evoluído que o sistema americano.
    Triste, enfim, é constatar que, mesmo assim, tem gente que vai querer contrapor, afirmando bobagens como: “as urnas estavam programadas pra dar a vitória ao Lula”! Ao “comunismo”! À “ditadura da esquerda”! Meu Deus!! Que tempos sombrios!!

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