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A guerra no Oriente Médio acirra a polarização no Brasil

A guerra entre Israel e Hamas, que já produziu mais de mil mortos em pouquíssimo tempo de conflito, teve efeitos colaterais no Brasil: acirrou a chamada polarização política do país. De uma hora para outra, brasileiros alinhados com a esquerda começaram a criticar Israel e defender a Palestina. Do outro lado do front, pessoas que se identificam com a direita passaram a manifestar seu apoio a Israel e a fustigar os terroristas do Hamas.

É inquestionável, no entanto, que o embate atual foi causado pelo Hamas, em uma ação rápida, articulada e mortal. Além de matar cruelmente israelenses que circulavam pelos locais invadidos, tomaram dezenas de reféns para evitar uma retaliação maciça com mísseis por parte do governo de Benjamin Netanyahu.

O premiê israelense prometeu aniquilar o inimigo e parece estar disposto a cumprir sua palavra. A dúvida é: como fará isso sem arriscar a vida dos 130 israelenses que foram capturados e levados para a Faixa de Gaza, onde seguramente vão servir de escudos humanos.

Antes de mais nada, vamos esclarecer uma coisa: o Hamas é uma entidade terrorista que não controla toda a nação palestina. Sua atuação está bastante restrita à Faixa de Gaza e quase não há influência em outra região onde os palestinos estão, como a Cisjordânia. Esse esclarecimento é importante para que não se ampliem preconceitos ou ideias eugênicas.

Um fenômeno interessante ocorrido nas redes sociais é a busca por dados, dos dois lados, que justifique ações violentas dos dois lados. Uma versão adulta da frase “foi ele quem começou”. Ora, estamos diante de um conflito sangrento. É preciso criticar a violência e buscarmos a paz.

Como está escrito no editorial publicado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, “enquanto o Hamas existir, a paz estará sempre ameaçada”. “O Globo” vai adiante: “O ataque tirou do horizonte próximo a chance de paz”. Tudo isso ganha força quando lembramos que Israel estava bem perto de firmar um armistício com a Arábia Saudita e que o Irã deu apoio financeiro e bélico aos terroristas nessa investida.

Voltando ao Brasil: a rede foi inundada por uma foto específica do deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (imagem). Ao lado de uma pedra grafitada lê-se o seguinte: “PSOL with Palestine”. Apoiar a causa palestina, diga-se a verdade, não é necessariamente dar suporte ao terrorismo do Hamas. Mas Boulos postou uma declaração no último domingo: “Minha defesa dos direitos do povo palestino é pública. Cheguei inclusive a realizar uma visita à Cisjordânia em 2018, da qual os bolsonaristas estão utilizando imagens para propagar Fake News. Agora, condeno sem meias palavras os ataques violentos a civis, como os que mataram nas últimas horas 250 israelenses e 232 palestinos”.

Essa declaração provocou uma baixa na pré-campanha do deputado do PSOL. O médico infectologista Jean Gorinchteyn, ex-secretário de Saúde do governo Doria, deixou a equipe que trabalhava pela candidatura de Boulos à prefeitura de São Paulo. A razão? Em sua mensagem publicada no domingo, o candidato preferiu não falar sobre o Hamas.

“Diante da postura pró-Palestina que não menciona ou condena o grupo extremista Hamas pelos atentados terroristas em Israel no último sábado, que vitimaram civis e sequestraram mulheres e crianças de forma bárbara, adotei a decisão oficial de me retirar da coordenação do plano na área de Saúde”, afirmou Gorinchteyn. “É imperativo condenar e repudirar ataques terroristas contra civis em qualquer lugar do mundo”.

Este local, marcado por desavenças e conflitos desde os tempos do Velho Testamento, mostra quão difícil é a busca pela paz entre os povos – que, mesmo complexa, precisa ser perseguida por todos os líderes políticos do planeta. Incluindo os nossos.

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