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Marina pode ocupar o espaço do centro?

Ao sair derrotada nas eleições de 2014, Marina Silva parecia aliviada. Durante a entrevista coletiva em que admitia o resultado, ela parecia satisfeita com o fim dos compromissos de campanha – e talvez com as obrigações presidenciais, caso fosse eleita. Muitos atribuíram a postura à sua saúde frágil. Marina já teve malária cinco vezes, hepatite, leishmaniose e foi contaminada por mercúrio, chumbo e ferro.

Mas eis que em 2018 Marina está de volta ao jogo. E, ao contrário de 2014, Marina tem chances crescentes de sair vitoriosa como mostram as pesquisas eleitorais. Hoje, goste-se ou não, ela é o grande nome do centro para evitar um segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT), o grande pesadelo do centro. À direita, está um político polêmico, que defende pautas antiquadas como o direito de cada cidadão andar armado e não convence quando tenta vestir o chapéu de liberal; à esquerda, um sujeito instável e que promete acabar de vez com o débil controle fiscal do governo. Um e outro cenário não são nada alvissareiros.

Os nomes preferidos do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB), não emplacam – e há muita gente apostando que não vão emplacar. O tucano, a despeito da boa situação de São Paulo, parece ter sido irreversivelmente manchado pelas denúncias de corrupção envolvendo os partidários Aécio Neves e Eduardo Azeredo. E Meirelles, se não bastasse a falta de carisma e o discurso de difícil compreensão pelas massas, foi ministro do governo mais impopular desde a redemocratização.

Marina, aos poucos, começa a romper resistências no mercado financeiro, que não traça um cenário apocalíptico em caso de vitória dela. Há razões para isso. Ela tem dois grandes economistas ao seu lado: André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, e Eduardo Giannetti, um intelectual respeitado e com opiniões quase sempre muito sensatas. São dois nomes que agradam ao mercado e fazem contraponto ao DNA de esquerda de Marina. Esse passado ajuda-a a ganhar apoio na centro-esquerda, que não engole um tucano e um ministro de Temer.

Para se tornar efetivamente uma candidata competitiva, Marina tem um grande desafio: convencer a população de que ela tem pulso e saúde para comandar o país. Esse é um traço presente tanto em Ciro quanto Bolsonaro: os dois vendem bem a imagem de “coronéis” que vão colocar o Brasil nos eixos. Não deixa de haver um traço machista nisso. Fato é que Marina precisa passar confiança ao eleitor. E para isso, precisa adotar uma postura firme. Vai ajudar nesse sentido ser mais assertiva nos debates, uma qualidade que ela ainda não mostrou.

Ao mercado e aos formadores de opinião, que não compram essa imagem de Ciro e Bolsonaro, ela vai ter que mostrar mais do que firmeza – precisa provar que tem força e habilidade política para lidar com as pressões que virão de todos os lados a partir de 2019. Ela conseguirá aprovar a reforma da Previdência? Terá pulso para conter os lobbies setoriais para aumento dos gastos públicos? Como ela lidaria com uma greve de caminhoneiros?

Alguém mais experiente e conhecedor do mercado pode pensar “a que ponto chegamos!” ante a possibilidade de Marina ser efetivamente apontada como candidata do mainstream. Verdade. O passado petista assusta. E a defesa da agenda sustentável provoca calafrios em setores como agropecuária, mineração e óleo e gás.

Mas o que fazer? Apostar em Alckmin e Meirelles, correndo sério risco de ver a extrema direita e a extrema esquerda no segundo turno? Ou tentar controlar Ciro ou Bolsonaro – algo bastante improvável? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos mais argutos observadores políticos, já viu esse cenário e defende, pelo menos nos bastidores, que os partidos de centro façam uma coligação com Marina no comando da chapa.

A ver.

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