Ao permitir que os bolsonaristas detidos mantivessem seus celulares, a PF poderá mapear a organização da tentativa de golpe
Assim que levados aos ônibus urbanos que serviram de camburões, os 1,5 mil perpetradores bolsonaristas detidos na Praça dos 3 Poderes e nas imediações da rodoviária de Brasília trataram de fazer o de sempre. Postaram sem parar em redes sociais suas indignações com as garras da lei, clamando por justiça e respeito aos direitos humanos para os que se autodenominam humanos direitos. Em uma situação corriqueira, a primeira coisa que um policial faz na rua é tirar o celular da mão do malfeitor ou suspeito. Uma maneira de evitar que este avise os comparsas que a casa caiu e também impedir a destruição do chip, dificultando o acesso ao conteúdo das mensagens e ligações.
Diante do ataque em massa do domingo (8), quando as forças de segurança resolveram agir, o que deu para fazer foi algemar e conduzir a turba para o ginásio de esportes da Academia Nacional de Polícia (ANP), uma instalação da Polícia Federal (PF) que fica depois do Lago Norte e não muito longe de uma das pontas do Parque Nacional de Brasília. Só que o local não contava com bloqueadores de sinal, que só estão disponíveis em penitenciárias e carceragens.
O que seria uma falha de procedimento virou um mapa da mina no colo das equipes da PF encarregadas de desmontar a organização e o financiamento do ataque. Agora seria até possível montar os elos dessa cadeia de comando sem abrir o sigilo telefônico de todo mundo. Naquela que pode se tornar a maior operação de inteligência em telecomunicações (comint ou sigint, nas siglas em inglês) do Brasil, será preciso construir uma constelação com os caminhos dos disparos de texto, áudio e vídeo até convergir às cabeças pensantes. No meio do caminho deve ser descoberto quem no governo estava envolvido. Não adiantará só demitir e punir gente como o coronel de pijama que virou terceirizado em hospital militar ou algum baixo funcionário público. Como disse o informante do caso de Watergate: “Siga o dinheiro”.
Dará trabalho, mas boa parte dos infantes golpistas deixados para virar bucha de canhão entregarão o que for preciso quando perceberem o tamanho da asneira que cometeram. Alguns nem precisarão. É o caso da militante de São José do Rio Preto (SP) que, pouco antes de começar a invasão, foi às redes agradecer quem pagou sua passagem. Deu o nome de uma empresa de autopeças e dos amigos que não viajaram. Assim como ela há milhares.
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