Na pesquisa do DataPoder360, dois pontos chamam a atenção.
O primeiro: nunca houve tanta rejeição a um grupo de candidatos à presidência da República. No quesito “não votaria de jeito nenhum”, os que se saem melhor são Fernando Haddad e Alvaro Dias, com 52 % cada. Liderando a lista estão Jair Bolsonaro (67 %) e Geraldo Alckmin (62 %). Ciro Gomes e Marina Silva empatam com 62 %. Ou seja, quem vai melhor neste tópico obtém um índice que é maior que a metade dos eleitores.
Se a rejeição aos candidatos rumou à estratosfera, é de se esperar uma abstenção recorde nessas eleições – ou um número altíssimo de votos brancos e nulos. Vai ganhar, assim, quem tiver a maior militância. Não necessariamente quem estiver em primeiro nas pesquisas.
Outra questão: a incoerência em torno dos votos destinados a Luiz Inácio Lula da Silva. Lula teria 30 % de eleitores que com certeza votariam nele e mais 7 % de pessoas que poderiam preencher o nome do petista na cédula. Ou seja, teria um teto em sua candidatura de 37 %. Fernando Haddad, por sua vez, tem 8 % dos votos com certeza e 26 % que considerariam elegê-lo. Ou seja, um teto de 34 %. Quando os eleitores são confrontados com a possibilidade de sufragar o “candidato apoiado por Lula”, no entanto, há 25 % de votos com certeza e mais 17 % de potencial. Ou seja, o teto deste nome suportado pelo ex-presidente é de 42 %. A margem de erro da pesquisa é de 2 % acima ou abaixo dos índices. Ou seja, Lula pode ter um teto máximo de 39 %. Já um candidato (qualquer um, o chamado “poste”) por ele apoiado, um teto mínimo de 40 % — ou seja, fora da margem de erro. É o caso de perguntar: como isso é possível? A capacidade de Lula transferir votos é maior que a de amealhar sufrágios para ele mesmo?