Suposto esquema mapeado pela PF era executado de forma semelhante às rachadinhas – só que empregando o cartão da Presidência
O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid (imagem, à direita), conhecido como coronel Cid, se tornou um repentino personagem relevante nas investigações da Polícia Federal (PF) sobre o financiamento dos atos golpistas. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (20) pelo portal Metrópoles, o militar estaria envolvido no gerenciamento de uma espécie de caixa 2 dentro do Palácio do Planalto, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Coronel Cid era chefe dos ajudantes de ordens do ex-mandatário, responsável por acompanhar o ex-presidente, coordenar o atendimento de ligações e pagar as contas da família. Ele é filho do diretor da Apex América do Norte, o general da reserva Mauro César Cid, um aliado de Bolsonaro com boa circulação entre a comunidade brasileira mais conservadora de Miami. O posto do pai é um dos mais cobiçados da entidade. Seu filho seria o elo entre ambos. Segundo o Metrópoles, a investigação a PF descobriu um esquema alimentado por saques feitos a partir de cartões corporativos da Presidência e de transações provenientes de militares lotados em quartéis das Forças Armadas.
Com o dinheiro do caixa informal, a PF encontrou pagamentos de faturas de um cartão de crédito que estava em nome de uma amiga da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. As despesas também seriam de Michelle.
As investigações ocorreram após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar as quebras de sigilos nas operações realizadas pelo tenente-coronel, que mostraram que parte dos saques era feita em uma agência localizada dentro do Palácio do Planalto. O caixa 2 funcionaria de forma semelhante ao caso das rachadinhas, envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente. Em ambas as situações, as investigações apontariam para pagamentos em espécie e uso de funcionários de confiança.
Há também fortes indícios de valores provenientes de saques feitos por outros militares ligados a Cid e lotados em quartéis de fora de Brasília que eram repassados ao tenente-coronel. Segundo o portal, os detalhes dessas transações ainda estão em sigilo.
Não é a primeira vez que tenente-coronel é alvo da atenção das autoridades. Em fevereiro de 2022 ele foi apontado pela PF como autor de uma transferência de dados sigilosos sobre a invasão hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Blindado pelo presidente, o militar teria organizado os documentos para que Bolsonaro pudesse transmiti-los em uma de suas lives. Depois ele afirmou só ter visto o material durante a live.
O que MONEY REPORT publicou: