Em um tom que desconsiderou o sofrimento causado pela pandemia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira (10), que o Brasil precisa deixar de ser “um país maricas” para enfrentar o vírus de “peito aberto” – não se sabe como seria tal enfrentamento. Por aqui, o novo coronavírus matou 162.628 pessoas até ontem, infectando outras 5.675.032, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) colhidos junto à faculdade de medicina do Hospital Johns Hopkins, dos Estados Unidos.
“Tudo agora é pandemia. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer um dia… Não adianta fugir disso, da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô”, afirmou o presidente. Não é a primeira vez que ele faz esse tipo de afirmação. Em 11 de setembro, quando os casos fatais de covid-19 somavam 130 mil, Bolsonaro declarou que o Brasil era um dos que menos havia sofrido com a pandemia. Desde antes desse episódio o país segue ocupando o segundo lugar em mortes registradas, atrás apenas dos Estados Unidos, hoje com 239.544 casos fatais.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou os comentários do presidente por sua conta no Twitter, mas sem citá-lo nominalmente, nem ao apagão de dias que atinge o Amapá (“um estado às escuras”). Maia também fez uma referência ao comentário de Bolsonaro rebatendo as críticas do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, sobre a devastação da Amazônia. “Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão, não funciona”, disse o presidente brasileiro.