A questão ambiental e as ações contra a pandemia do coronavírus foram os principais focos do discurso gravado pelo presidente Jair Bolsonaro para a abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (22). A ameaça das queimadas e do desmatamento na Amazônia – e agora no Pantanal – retomaram o primeiro discurso do presidente no organismo internacional, no ano passado. Naquela ocasião, Bolsonaro afirmou que o Brasil tinha o “compromisso solene” com a preservação e defendeu a soberania do país sobre sua porção da Amazônia. Agora, disse que há uma “campanha escorada em interesses escusos” contra o governo e o próprio Brasil. Devido a pandemia do coronavírus, o encontro deste ano é on-line. Os líderes mundiais mandaram seus discursos gravados em vídeo. O do presidente foi gravado nesta segunda-feira (21).
Considerado um dos principais desafios internos do governo, a preservação se tornou o principal alvo das críticas internacionais. Países europeus contestam as versões do governo brasileiro. Líderes da Alemanha, França e outros membros da União Europeia colocam em xeque a concretização da aliança comercial entre o bloco e o Mercosul, caso não sejam atendidas suas reivindicações na área ambiental. “Somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia é riquíssima, e isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha de desinformação”, afirmou o presidente, deixando de lado o caráter conciliatório da assembleia geral.
Bolsonaro afirmou, ainda, que as queimadas são causadas em locais já desmatados e promovidas pelo “caboclo e o índio, em busca de sua sobrevivência”, sem haver qualquer comprovação de que os incêndios florestais têm relação com esses dois agentes na maioria dos casos. O presidente afirmou, ainda, que as próprias florestas impedem que ocorram queimadas. “Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior”, ignorando que a região não é homogênea. Além disso, garantiu estar firme no propósito de combater os desmatamentos ilegais, apesar das dificuldades, por se tratar de uma área do tamanho da Europa Ocidental – além do desmonte do aparato fiscalizatório.
Pandemia
Na abordagem à pandemia, Bolsonaro aproveitou para atacar a imprensa, acusando parte dela de politizar a questão. “Disseminou o pânico entre a população. E sob o lema “fique em casa, a economia a gente vê depois, quase trouxe o caos social ao país”, afirmou Bolsonaro. O presidente não fez qualquer menção ao fato de o país ser o terceiro em número de casos no mundo (4,56 milhões) e o segundo em mortes (137 mil). Além de citar a imprensa, Bolsonaro aproveitou para elencar as medidas adotadas pelo governo, a maior parte para amenizar as perdas econômicas geradas à população, além da participação nos testes da vacina de Oxford.