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Amigo confirma rachadinhas dos Bolsonaro à Veja – mas a culpa é da ex

Aposentado da Marinha Mercante e ex-assessor de gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PL) quando deputado no Rio, Waldir Ferraz, o Jacaré, revelou à revista Veja, em reportagem publicada nesta quinta-feira (20), a gênese do esquema de rachadinhas da família de políticos. De acordo com Jacaré, o embolso ilegal de parte dos salários dos assessores (crime de peculato) começou na década de 1990, no gabinete de Jair na Câmara dos Deputados, se espalhando entre os gabinetes de Flávio e Carlos Bolsonaro. Entretanto, o amigo isenta em termos o presidente e aponta como autora sua ex-mulher, Ana Cristina Valle (abaixo), mãe de Jair Renan, o filho 04.

Jacaré disse que o então deputado não sabia do que ocorria e que hoje sua segunda ex-esposa o chantageia, pedindo dinheiro. Ela vive confortavelmente, com um padrão bem acima de seus rendimentos. “O Bolsonaro deixou tudo na mão dela e ela fez a festa. Infelizmente é isso. Era ela que fazia, mas quem é que assinava?”, pergunta. “Quem assinava era ele. Ele vai dizer que não sabe? É batom na cueca”, afirmou.

Ana Cristina Valle, apontada como autora das rachadinhas

De acordo com ex-assessor Legislativo, a história de Ana Cristina com o Bolsonaro começa quando ela era casada com um sargento e se aproximou dele, quando este participava de um movimento de mulheres de militares que reivindicava aumento no soldo dos maridos. Ele conta que Ana Cristina foi se infiltrando, ganhou a confiança de Bolsonaro e logo iniciou um relacionamento. Então, recebeu carta branca para administrar o gabinete na Câmara. Assim surgiram as rachadinhas da família presidencial. Em seguida nasceria Jair Renan.

Nessa época Jacaré já atuava com Bolsonaro. A relação é longa, iniciada há três décadas, quando ambos entraram para a política por insatisfação com os baixos salários pagos aos oficiais do Exército. Só que por já estar lotado no gabinete, não foi incluído do esquema de Ana Cristina, que contratava funcionários fantasma em nome do atual presidente da República.

Ela era responsável por uma cota de contratações. Recolhia documentos de algumas pessoas, abria contas bancárias em nome delas e embolsava parte dos salários. Muitas vezes, o funcionário era fantasma e nem sequer tinha conhecimento que estava empregado no gabinete. Jacaré explica que os parlamentares se preocupam com a atividade política e a rotina do gabinete fica a cargo de gente de confiança. “Ele, quando soube, ficou desesperado”, disse. E demorou bastante saber. O presidente teria tomado conhecimento do esquema em novembro de 2018, após conquistar o Palácio do Planalto, por meio de uma reportagem de O Estado de S. Paulo, quando um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou movimentações milionárias do policial aposentado Fabrício Queiroz, acusado pelo Ministério Público do Rio de ser o operador no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro (Alerj).

As revelações de Waldir Ferraz se tornam ainda mais impressionantes e improváveis quando ele afirma manter contato constante com o presidente, a quem faz assessoria política. A história das rachadinhas até se sustenta bem de início, mas quando surge o nome de Fabrício Queiroz, tudo parece desmoronar. Afinal, Queiroz teria mantido o esquema no gabinete de Flávio Bolsonaro por anos sem que ninguém percebesse, sem que ninguém sequer olhasse uma lista de assessores atuando no gabinete. Depois, o mesmo Queiroz é localizado no sítio de Frederick Wassef, advogado de Jair e do senador Flávio Bolsonaro, que pode ir para prisão por causa desses crimes. As histórias estranhas se amontoam e não haveria razão para um assessor próximo fazer tais revelações assim, só por desejo de transparência – ainda mais mantendo o emprego. Entre outras, Jacaré diz que o ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em 2020, orquestrou o atentado a faca praticado por Adélio Bispo. Já Bebianno sempre disse ter caído em desgraça com o presidente por não ter paciência com o comportamento do vereador Carlos, o filho 02, que o hostilizava seguidamente. Outro ponto é que a origem do dinheiro nunca fica clara, afinal Flávio comprou uma mansão em Brasília em uma operação suspeita.

Confrontada, Ana Cristina Valle rebateu à reportagem: “Não sou mentora da rachadinha. Ele (Bolsonaro) me chamava de sargentona, mas quem mandava no gabinete era ele. Quem assina as nomeações e exonerações é o parlamentar. Não faz sentido assinar sem ler”.

(Imagem em destaque: Veja.com/ foto: Ruy Baron)

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