Instalação de muro na Cracolândia gerou polêmica, especialmente entre organizações não governamentais que atuam na região
A Prefeitura de São Paulo instalou, em 2024, um muro de alvenaria de 40 metros na Rua General Couto Magalhães, na região da Cracolândia, para substituir os tapumes de metal que, segundo a gestão municipal, eram frequentemente danificados, representando risco para a população. A obra, escolhida como Imagem da Semana por MONEY REPORT, visava “proteger pessoas em situação de vulnerabilidade” e melhorar a segurança, com o argumento de que os tapumes quebrados ofereciam perigo tanto para usuários de substâncias quanto para pedestres.
No entanto, a instalação do muro gerou polêmica, especialmente entre organizações não governamentais que atuam na região. A principal crítica é que a medida teria isolado ainda mais os frequentadores da Cracolândia do comércio do centro de São Paulo, dificultando seu acesso a serviços essenciais como doações de alimentos e roupas.
Em resposta, a Defensoria Pública de São Paulo emitiu um ofício recomendando a remoção do muro. No documento, a Defensoria questiona a estratégia de utilizar gradis e muros, destacando que esses obstáculos limitam severamente a liberdade de locomoção das pessoas, impactando suas estratégias de sobrevivência, como a busca por alimentos e a locomoção para necessidades básicas. A Defensoria ainda solicitou informações sobre o impacto da medida no número de abordagens realizadas pela Prefeitura e se alternativas menos restritivas foram consideradas.
A Prefeitura, por sua vez, justifica a construção como parte de um esforço para melhorar o atendimento aos usuários na área e garantir a segurança das equipes de saúde e assistência social. De acordo com a gestão municipal, desde a implementação de um novo espaço de saúde na Rua dos Protestantes e o aumento das ações de segurança, houve uma redução significativa no fluxo de pessoas na região.
O Ministério Público do Estado de São Paulo também se envolveu no caso, anunciando que a Promotoria de Habitação e Urbanismo da Capital irá investigar a situação.
