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As emissões hipócritas da COP27

Lula incluído, chefes de estado deixam a desejar nas metas para redução de CO₂, esbanjando efeito estufa em jatos ultrapoluentes

Como se não bastasse a decepção que foi o relatório final da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), o narcisismo ambiental dos chefes de estado mostrou-se presente mais uma vez no Egito. Cerca de 400 jatos particulares pousaram no país durante o evento, segundo as autoridades aeronátuticas egípcias. Apenas a aeronave em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pegou carona emitiu mais carbono que um brasileiro médio por 15 anos (cerca de 104 toneladas). O Gulfstream G-600 emite cerca de 4,7 toneladas de CO₂ por hora de voo.

Deixemos de lado o rascunho do documento final da COP27. O paper deixou de fora a redução gradual de todos os combustíveis fósseis, ponto essencial para diminuir as emissões de gases e, consequentemente, evitar um aumento de temperatura acima das metas estabelecidas no Acordo de Paris.

O que vimos, na prática, foi uma série do faça o que digo, mas não o que faço. De acordo com a BBC, a partir de dados da FlightRadar24, 36 jatos pousaram em Sharm el-Sheikh entre 4 e 6 de novembro. Outros 64 aviões particulares chegaram no Cairo, dos quais 24 voaram até Sharm el-Sheikh. A emissora britânica também verificou voos privados partindo do Reino Unido, Estados Unidos, Itália, França e Holanda.

Miopia

No caso de Lula, sua viagem para o Egito levou umas 12 horas e 30 minutos – uma distância de aproximadamente 10 mil quilômetros. Segundo o Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido, 2,5kg de CO₂e (equivalência em dióxido de carbono) são emitidos para cada litro de combustível de aviação queimado. Portanto, o voo de carona do petista ao Egito gastou cerca de 52,2 mil quilos de CO₂e.

Antes da COP27, mais de 500 manifestantes do Greenpeace e do Extinction Rebellion impediram a saída de jatos particulares do Aeroporto Schiphol, em Amsterdã, na Holanda. Alguns sentaram diante das aeronaves para impedir a decolagem.

O mais embaraçoso é a miopia, pois soluções com combustíveis de aviação sustentáveis (SAF) estão em teste, algumas até em uso (ver abaixo).

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