O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) (imagem), tem se mostrado valioso, não só ao governo de Jair Bolsonaro, onde mantém mais de 100 pedidos de impeachments engavetados para a tranquilidade do chefe do Executivo, uma demonstração de fidelidade às suas alianças. Ele zela pela governabilidade, emplacando as pautas estruturantes, paradas no Senado, mesmo com toda a turbulência do governo Bolsonaro. E recentemente, sofreu baixas com a proposta de emenda Constitucional (PEC) dos precatórios, postergada para 3 de novembro, e a derrota na PEC do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Diante disso, ele já é o favorito na disputa à reeleição à presidência da Câmara, marcada para 2023. Ele tem a simpatia tanto da ala governista quanto entre opositores. Considerado um coringa para garantir ao ocupante do Palácio do Planalto “governabilidade e previsibilidade” -, o mantra do Centrão para o bom andamento do Congresso, Lira não deve querer deixar a posição que o cargo lhe confere, nem mesmo sob o mandato do líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula. O parlamentar também tem ao seu favor as emendas de relator (RP9), que passaram a vigorar em 2020, naquele ano, foram R$ 20 bilhões, neste ano, R$ 16,8 bi e, em 2022, provavelmente em R$ 16 bi, mesmo com os questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).
Com tanto poder, uma pergunta surge: nos bastidores, ele e/ou o presidente de seu partido e ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, já estariam negociando com Lula e o PT uma possível aliança diante de uma vitória dos adversários maiores de Bolsonaro? O Progressistas tem capital para barganhar e possui uma longeva parceria com o Partido dos Trabalhadores nos mandatos anteriores no Planalto, além de laços regionais aqui e ali. Entretanto, Nogueira também se esforça para filiar Bolsonaro e apoiá-lo. O problema é que se o mandatário não for reeleito, perde também o PP em 2022.