A polêmica sobre a adoção da hidroxicloroquina e da cloroquina no combate ao coronavírus ganhou novo capítulo nesta quinta-feira (4). A revista científica britânica “The Lancet” divulgou a retratação dos autores do estudo que publicou em 22 de maio. Os cientistas afirmaram que não podiam garantir a autenticidade dos dados usados para sustentar a pesquisa feita a partir de informações médicas de 96 mil pessoas. Em outras palavras: a pesquisa pode estar errada – no mínimo inconclusiva.
O estudo havia alertado para o elevado risco do uso da hidroxicloroquina e da cloroquina, sozinhas ou empregadas com outros fármacos contra a covid-19. A hidroxicloroquina com antibióticos pode ter sido responsável por um índice de mortes de quase 25%. A média do grupo de controle da pesquisa foi de quase 10%. A pesquisa fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendesse o uso de hidroxicloroquina enquanto uma reavaliação era feita. Mesmo agora, a OMS e a Opas, braço da organização nas Américas, só recomendam cloroquina e hidroxicloroquina para tratar a covid-19 em ensaios clínicos.
A pesquisa na The Lancet foi retirado do ar nesta quinta-feira (4). O New England Journal of Medicine fez o mesmo em um artigo publicado nesta segunda-feira (1º), que defendia o uso de terapia anti-hipertensiva contra sintomas da covid-19. Três dos co-autores de ambas as pesquisas explicaram em comunicado que lançaram uma auditoria posterior sobre a origem dos dados. Mas a empresa americana Surgisphere não repassou as informações necessárias, enquanto outras certificações pareceram falhas. Por não poderem “garantir a veracidade dos dados primários”, optaram por retirar o estudo.