O presidente Jair Bolsonaro é uma indivíduo talhado para a briga.
De tempos em tempos, ele encasqueta com um determinado assunto e elege um inimigo figadal. Foi assim ainda candidato, quando dirigiu suas baterias em direção à TV Globo. Depois, no primeiro ano de governo, começou a esgrimir contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Em seguida, mirou a baioneta para dirigentes e parlamentares de seu então partido, o PSL. Quase que ao mesmo tempo, começou a baixar o sarrafo no governador João Doria, de São Paulo, que estava desembarcando do barco bolsonarista.
Nem os militares escaparam. O general Santos Cruz, demitido por conta de uma fake news, foi para a geladeira e de lá não saiu. O vice-presidente Hamilton Mourão é criticado já faz algum tempo e levou um bilhete azul: não será candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. Na virada da pandemia, mais uma pendenga: elegeu como nêmesis de plantão o ministro Luiz Augusto Mandetta. Na sequência, a vítima foi o ex-juiz Sergio Moro, que estava deixando seu ministério. Recentemente, abriu fogo contra o trio de senadores que comandam a CPI da Pandemia (Omar Aziz, Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues).
Agora, o tema da vez é o voto impresso. E seu novo inimigo é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Eduardo Barroso. Agora, dia sim, outro também, Barroso leva uma chapuletada do presidente. Hoje, não foi diferente.
“Não é voto impresso pelo voto impresso. É uma forma de se ter certeza que não vai haver manipulação. Ou só o Barroso está certo? Alguém acredita no ministro Barroso? Estamos lutando e temos um limite, é fazer com que as eleições sejam limpas e democráticas. Quem quer eleição suja e não democrática é o ministro Barroso. E ele se intitula como não pode ser criticado. Não consigo entender porque outras pessoas do Supremo não falam o contrário, como se o Barroso fosse o dono da verdade”, cutucou o presidente.
Barroso defende que as eleições sejam no mesmo formato que foram realizadas desde 1996. Ou seja, o que o presidente chama de pleitos sujos e não democráticos são os mesmos que o diplomaram cinco vezes como deputado federal e uma vez como presidente da República.
Até quando vai durar essa pinimba e quando se apresentará um novo inimigo?
Façam suas apostas.