MONEY REPORT selecionou como Imagem da Semana o momento simbólico em que Joe Biden, em tom de despedida, passa o bastão para Kamala Harris, na abertura da Convenção Nacional Democrata, na noite de terça-feira (20). A cinco meses de deixar a Casa Branca, o presidente do Estado Unidos expressou confiança em sua vice, afirmando que ela será uma presidente respeitada e histórica – se eleita for. Derrotar Donald Trump será menos festivo.
Em seu discurso, Biden declarou que desistir de tentar a reeleição foi “a melhor decisão” de sua vida, após resistir à pressão do próprio partido. Ele teve um desempenho errático em um debate antecipado contra Trump, que também tenta voltar à presidência. O que era para ser um revés acabou virando um fator de virada, com a vice atraindo o interesse dos eleitores, diante de uma mulher não branca com reais chances de vencer o pleito. “Ela será uma presidente para a qual nossas crianças olharão como exemplo. Será uma presidente respeitadas pelos líderes mundiais, pois já o é. E será uma presidente histórica que porá sua marca na América”, disse.
O clima do partido em relação ao presidente também mudou. A preocupação e o ressentimento por ele insistir em se manter na disputa foram trocados pela gratidão. Biden teve direito a cinco minutos de ovação antes de falar – uma surpresa, já que as convenções democratas tendem a ser menos efusivas que as republicanas. Em resposta, ele destacou seu governo como “os quatro anos de maior progresso, ponto” – um claro exagero de campanha.
Biden não foi o único a falar. Derrotada por Donald Trump em 2016, a ex-primeira-dama e ex-secretária de estado Hillary Clinton lembrou da própria campanha e disse não se surpreender com “as mentiras” do republicano sobre Kamala. Politicamente independente, a ex-apresentadora Oprah Winfrey e o casal democrata Barak e Michele Obama também prestaram apoio. Os oradores deram ênfase ao direito ao aborto, bandeira do partido após a Suprema Corte, hoje de maioria conservadora, retirar esta proteção constitucional. Já a crise em Gaza, motivo de protestos da ala à esquerda da legenda, foi discretamente abafada.
