Ex-presidente também chamou de “injustas” as prisões de quatro militares envolvidos no plano golpista
O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a Polícia Federal (PF) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao comentar o inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. Em uma live realizada neste sábado (23), no perfil do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, Bolsonaro ironizou as acusações e afirmou que as prisões de militares nesta semana foram “injustas”.
“Essa história de golpe é absurda. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Cadê as Forças Armadas? Não fiquem botando chifre em cabeça de cavalo. Golpe hoje não se dá mais com tanque, se dá com táxi. Parece que o sequestro não aconteceu porque não tinha táxi na hora. É uma piada essa PF do Alexandre de Moraes”, afirmou Bolsonaro, que participou de atividades públicas em São Miguel dos Milagres (AL) ao lado do ex-ministro.
Prisões e acusações
Bolsonaro e outras 36 pessoas, em sua maioria militares, foram indiciados por crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Na última terça-feira (19), foram presos o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, conhecidos como “kids pretos”, integrantes das Forças Especiais do Exército. Também foi detido o policial federal Wladimir Matos Soares.
O ex-presidente classificou as prisões como ilegais e sem respaldo jurídico. “Esses oficiais estão sendo presos injustamente. Não há qualquer fundamento legal para mantê-los em prisão preventiva”, afirmou durante a live.
A investigação da PF revelou que o plano golpista, batizado de “Punhal verde e amarelo”, incluía a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. O documento com os detalhes do plano foi impresso no Palácio do Planalto pelo general Mário Fernandes, preso e indiciado no caso.
Detalhes da trama
De acordo com o inquérito, o general Mário Fernandes fez seis cópias do plano em dezembro de 2023, indicando que seriam distribuídas em uma reunião. Registros mostram que ele visitou o Palácio da Alvorada no dia seguinte, onde Bolsonaro estava recluso após sua derrota eleitoral. No mesmo dia, Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência e apontado como mentor de uma minuta golpista, também esteve no local.
A investigação aponta que os “kids pretos” usaram conhecimentos técnicos e militares para planejar e coordenar ações ilícitas durante novembro e dezembro de 2022.
Defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente afirmou que ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito”. Em entrevista recente ao O Globo, Bolsonaro reconheceu que houve debates sobre a decretação de estado de sítio, mas afirmou que “não é crime discutir a Constituição”.
Mesmo diante do avanço das investigações, o ex-presidente segue atacando a atuação da PF e do STF. Durante a live, Bolsonaro também comentou a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a derrota de seu time no Nordeste e o próximo jogo do Palmeiras.
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