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Bolsonaro e Moraes têm algo em comum

Já faz algum tempo que o maior adversário de Jair Bolsonaro deixou de ser o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seu principal oponente passou a ser alguém que nem deveria atuar na esfera política: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Esse antagonismo foi construído aos poucos, durante o mandato do ex-presidente, e se consolidou de vez desde as eleições de 2022.

Apesar de encastelados em lados opostos, Bolsonaro e Moraes têm pelo menos uma característica em comum: quando confrontados, costumam dobrar a aposta. Recuam somente em último caso e geralmente partem para cima de seus adversários com gana e impetuosidade.

Enquanto esteve no Planalto, o ex-presidente contava com a autoridade do cargo para reduzir o efeito de quem o atacava. Agora, como um simples mortal, está mais fragilizado diante de um antagonista que possui uma caneta poderosa – a de magistrado da mais alta corte brasileira. Para deixar a disputa mais acirrada, Moraes não parece ter o mesmo poder de seus dez colegas. A impressão é a de que ele manda mais que os outros, dado o seu protagonismo e a capacidade de influenciar o voto dos demais ministros.

Embora o STF tenha dois juízes indicados por Bolsonaro, a exceção que se destaca é o ministro Luiz Fux, que deixou bem clara a sua discordância em relação a Moraes durante o julgamento que chamou a atenção de todos nesta semana. Também foi notado o desconforto de Moraes, que reagiu aos comentários de Fux de forma intensa. Aparentemente, o ministro não convive bem com opiniões contrárias à sua (outra coisa que ele e Bolsonaro têm em comum).

O duelo entre Bolsonaro e Moraes será desigual, pois o ministro tem – hoje – mais poder que o do ex-presidente. Bolsonaro se defende ao levantar uma questão que é minimizada por muitos: a de que o julgamento de seu processo é uma ação política e de cartas marcadas.

Curiosamente, esse foi o mesmo argumento utilizado por Lula durante a operação Lava Jato. Mas, agora, o presidente minimiza as alegações de seu antecessor. “Todo mundo sabe o que aconteceu nesse país. Não adianta agora ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo perseguido”, afirmou Lula.

A estratégia de Bolsonaro é simples: se ele está sendo julgado politicamente, é preciso reagir na mesma moeda. Não é à toa que o presidente fez um pronunciamento forte após ter se tornado réu pelo STF. É de se esperar que o discurso agressivo seja a tônica daqui para frente por parte do ex-presidente e de seus aliados.

Eduardo Bolsonaro fará a sua parte, trazendo políticos americanos para atacar Alexandre de Moraes pelas redes sociais. O sonho do clã Bolsonaro é atrair o presidente Donald Trump para essa cruzada. Mas Trump parece ter problemas maiores para resolver por ora. Desta forma, os bolsonaristas miram agora no vice-presidente J.D. Vance para dar mais exposição à suposta perseguição política sofrida pelo líder político.

Como os dois vão agir daqui para frente? Com o fígado ou com o cérebro?

O ideal, para ambos, seria deixar as emoções de lado. O escritor Mario Puzo, autor de frases espetaculares no livro e no filme “O Poderoso Chefão”, dizia algo sobre o relacionamento entre oponentes: “Nunca odeie seus inimigos; isso afeta seu julgamento”.

Agir de maneira puramente racional, no entanto, não parece ser possível para as personalidades de Bolsonaro e de Moraes. Por isso, as cenas dos próximos capítulos dessa pendenga devem ser palpitantes, surpreendentes e com várias pitadas de emoção.

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