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Bolsonaro e Pazuello reeditam a saga de Dilma e Mantega

O general Eduardo Pazuello está com seus dias contados na Esplanada dos Ministérios. O Planalto finalmente percebeu que o discurso negacionista feriu a popularidade de Jair Bolsonaro e os conselheiros do presidente decidiram que a melhor saída seria entregar a cabeça de Pazuello ao público e creditar ao ministro o obscurantismo que atravanca a vacinação contra a Covid-19.

Essa situação em muito lembra o que ocorreu no país em 2014. O modelo econômico de Dilma Rousseff estava fazendo água. Mesmo assim, durante a campanha eleitoral, Dilma defendeu sua estratégia heterodoxa e prometeu aos eleitores que se manteria no mesmo caminho. Os empresários, no entanto, já estavam insatisfeitos com a tocada da economia e previam uma combinação explosiva de inflação e recessão caso o país se mantivesse longe da ortodoxia.

Reeleita, Dilma viu que seu apoio junto ao empresariado estava afundando e que o panorama econômico, de fato, não era dos melhores. Ao definir a nova equipe ministerial, sacou Guido Mantega da Fazenda e nomeou o economista Joaquim Levy, um nome mais palatável à iniciativa privada. Como em um passe de mágica, a presidente achou que toda abordagem atabalhoada sobre os processos econômicos do Brasil poderia ser creditada a Mantega. Mas, no fundo, os empresários sabiam que a verdadeira autora daquele modelo não era o ministro, mas a mandatária. Resultado: Levy durou apenas 11 meses, pois Dilma continuou a querer conduzir a economia através de um títere.

Levy, após vetos constantes do Planalto a medidas engendradas pela Fazenda, pediu o boné e deixou bem claro que Dilma queria ser a mentora do modelo econômico. No meio dessa bazófia, o Brasil perdeu o “rating” de investimento – a condição sine qua non para a entrada para recursos de vários fundos de investimentos em um país.

Todos sabíamos, naquela época, que Dilma era a verdadeira patrocinadora da heterodoxia econômica e que Mantega era apenas um fantoche seu. Assim como sabemos, agora, que não é possível creditar todo o negacionismo a Pazuello. O presidente cansou de apequenar os efeitos da pandemia. Os exemplos são públicos: desde a menção de que seria cometido por uma “gripezinha”, caso fosse contaminado, até que o Brasil não poderia ser um “país de maricas” e sofrer os efeitos do lockdown. Isso sem contar as inúmeras críticas às vacinas que combatem a Covid-19.

Resta saber agora se Bolsonaro quer apenas trocar de ministro e manter tudo como está, como desejava Dilma em relação a Mantega. Neste caso, o substituto de Pazuello, se for um médico que rejeita o negacionismo, pode repetir a trajetória e a agonia vividas por Joaquim Levy. Dessa forma, ficaríamos, mais uma vez, rodando em falso em um processo no qual precisamos de ações rápidas e fulminantes contra uma pandemia que paralisa o país em todos os aspectos – emocionais, comportamentais e econômicos.

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