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Bolsonaro está vivo e se movendo de acordo com as regras

Perdão foi dado justo quando o presidente melhora nas pesquisas, desviando as atenções da economia e dos escândalos

Depois de abandonar sem grandes lamentações alguns de seus mais diletos aliados, Jair Bolsonaro, o candidato, resolveu “usar a caneta” de presidente para salvar o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) do xadrez. A medida inédita veio em um momento propício e cria as condições climáticas políticas mais adequadas. Bolsonaro sabe melhor que todos os candidatáveis como se movimentar em um ambiente conturbado e repleto de especulações.

O perdão não foi um ato de bondade e solidariedade. Se fosse assim, Roberto Jefferson não estaria preso há meses por também ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o regime democrático – como também fez Silveira. “Xandão, Xandão”, proclamava Jefferson para provocar o ministro Alexandre de Moraes. A militante de extrema-direita Sara Fernanda Giromini, que assumiu o pseudônimo de Sara Winter, está em uma situação um pouco melhor. Passou uma temporada em prisão domiciliar com tornozeleira e enfrenta dificuldades para pagar as indenizações a qual foi condenada. Winter se diz abandonada. O pretenso líder dos caminhoneiros, Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, é outro que se viu enroscado com lei, sem apoio, virando inimigo de seu antes Mito.

Mas o que levou o presidente a salvar Silveira? É possível crer que foi a proximidade do início da campanha eleitoral e a necessidade da criação de um fato político de peso que tire os olhos da opinião pública e da grande imprensa do fraco desempenho econômico e dos escândalos que rondam a cúpula de seu governo. A graça concedida a Silveira, um aliado do rés do chão do baixo clero, até poderá ser derrubada pelo próprio STF – a questão está em aberto. Até lá, Silveira deve tentar o Senado, fazendo ainda mais barulho. Enquanto isso, o fato político ganha corpo e mostra que Bolsonaro exerce poder enfrentando “tudo o que está aí”. A canetada também serve para dar um empurrão na campanha justo em um momento em que o presidente cresce nas intenções de voto – o que era esperado.

A última pesquisa Exame/Ideia, divulgada na noite dessa quinta-feira (21), mostra que a diferença nas intenções estimuladas em um eventual segundo turno contra Lula caiu para 9 pontos percentuais. Se a eleição fosse hoje, no levantamento espontâneo, a diferença entre ambos seria de 8 pontos a favor do petista. Em agosto de 2020, Bolsonaro estava mais de 10 pontos adiante de Lula e precisa recuperar força. Em uma campanha que promete ser breve no primeiro turno e sangrenta no segundo, Bolsonaro aproveitou a movimentação ainda discreta do principal adversário para ganhar algum terreno incendiando sua militância e sua equipe de propaganda digital. E tudo sem ofender diretamente a democracia, afinal ele se valeu de um acordão do próprio Alexandre de Moraes, indicando que há tempos guardava esse trunfo.

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