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Bolsonaro mostra forças e fragilidades na Paulista

Ex-presidente investigado pediu pacificação e anistia para quem depredou a Praça dos 3 Poderes. Malafaia atacou STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comandou o ato com apoiadores na Avenida Paulista neste domingo (25/2). Acuado pelos indícios de tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023 e por delações de aliados, ele foi ao palanque mostrar que mantém sua força política. Na presença de milhares de militantes e ao lado de afiliados políticos, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)e Jorginho Mello (PL-SC), aliados, o governador Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB). Também deram as caras o Padre Kelmon (PRD), ex-candidato nanico à Presidência, e o ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-PR), um dos responsáveis pela Operação Lava Jato e que teve o mandato cassado pelo TSE por irregularidades durante a campanha.

A força que Bolsonaro mostra veio com sua contradições e fragilidades. Apesar de ter perdido por pouco para Lula (PT) a disputa no segundo turno de 2022, foi o único presidente desde a redemocratização a não levar uma reeleição. Esse dado não vem sem outros desconfortos. Padrinho com jeito de padrasto, já confrontou e constrangeu Tarcísio de Freitas publicamente. Justamente aquele que deveria ser seu maior ativo político e de quem foi cabo eleitoral. O clima entre ambos após o governador se aproximar do governo federal para tocar a obra do túnel Santos-Guarujá. Com alta rejeição e precisando melhorar sua popularidade, o prefeito Ricardo Nunes tem no ex-presidente um cabo eleitoral inevitável, apesar de a esquerda na cidade vencer o bolsonarismo nas pesquisas e nas urnas.

O ex-presidente chegou ao evento acompanhado do governador paulista às 14h40. Conforme pedido, não foram vistos cartazes com ataques às instituições, apenas bandeiras do Brasil e de Israel (algumas com um pentagrama no lugar da Estrela de Davi). Os manifestantes pediam o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a crise diplomática com Israel por causa das mortes de civis palestinos na Faixa de Gaza – mesmo com deputados do PL deixando de assinar o documento. O ato foi organizado e financiado pelo pastor Silas Malafaia.

A abertura do evento foi feito com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que fez uma oração. Discursaram no evento, o deputado Nikolas Ferreira( PL-MG), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o pastor Silas Malafaia. O religioso fez a mais contundentes defesa do ex-presidente. “Se eles te prenderem, não vai ser para tua destruição, mas para a deles. Você vai sair de lá exaltado”, afirmou. Parecia falar de Lula antes da condenação na Lava-Jato.

Jair Bolsonaro negou que tenha organizado uma tentativa de golpe de Estado. “Golpe é tanque na rua, arma, conspiração. Trazer as classes políticas e empresariais para o seu lado. Nada disso foi feito”, afirmou, deixando de lado que é suspeito de planejamento em vez do ato em si. Ele também comentou sobre a minuta encontrada que previa a decretação de estado de sítio e prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal – documento que ele teria revisado. “Golpe usando a Constituição? Tenham a santa paciência”, completou.

Em uma declaração contraditória, o ex-presidente também pediu que o Congresso aprove um projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro. “Não queremos que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridade no Brasil. Quem depredou o patrimônio, que nós não concordamos com isso, que paguem. Mas estas penas fogem ao mínimo da razoabilidade”, afirmou, esquecendo as possibilidades legais de recursos, agravos, revisões, progressões de pena, delações, bom comportamento e regimes mais brandos. Afinal, o direito à ampla defesa está mantido e os processos poderão se arrastar. Em sua convocação à Polícia Federal, por exemplo, Bolsonaro optou pelo silêncio sem consequências. Nesse caso, pedir anistia só vale para quem se considera culpado.

Contrariando seu discurso belicoso e temendo represálias, Bolsonaro afirmou que “teria muito a falar”, mas que busca “a pacificação. É passar uma borracha no passado. É buscar maneiras de nós vivermos em paz”, disse.

Ele também disse ter ser sido perseguido durante seu mandato. “Levo pancada desde antes das eleições de 2018. Esta perseguição aumentou a sua força quando deixei a Presidência da República. É tanta coisa que eles mesmos acabam trabalhando contra si”, disse. Também considerou as eleições uma “página virada”, mas que o povo não aceitaria o socialismo (políticas sociais que ele mesmo adotou, como o Bolsa Brasil), a ideologia de gênero (respeito e inclusão do público LGBTQIAP+), a legalização das drogas (uso de maconha), preferindo o respeito à propriedade privada (contra desapropriação de propriedades para reforma agrária e reservas indígenas) e a defesa da vida (leis contra o aborto em qualquer situação).

O ato transcorreu de forma pacífica. No entanto, uma mulher perfurou seu pulmão ao cair de uma árvore. Ela foi socorrida por policiais militares que estabilizaram as vítima e levaram ao hospital mais próximo. Não há informação sobre seu estado de saúde. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), 750 mil pessoas compareceram na manifestação, sendo 600 mil na Avenida Paulista e 150 mil nas ruas adjacentes.

Confira fotos do ato:

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