Despesas com lanches e barras de cereal em motociatas compõem a fatura, além de hospedagem – mesmo sem pernoitar
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou quase R$ 700 mil entre agosto e novembro do ano passado no cartão corporativo. As notas fiscais foram pagas durante as atividades de campanha eleitoral. Os valores dos gastos em viagens durante o pleito presidencial podem ser ainda maiores porque nem todas as despesas foram tornadas públicas. A apuração foi divulgada nesta segunda-feira (13) pelo UOL.
Em agosto, durante uma motociata em Vitória da Conquista (BA), o cartão corporativo da presidência gastou R$ 50 mil só em lanches – foram 1.024 lanches frios de uma padaria e 512 barras de cereal, entre outros itens. Cerca de 50 pessoas se hospedaram por três dias na cidade para garantir a segurança presidencial, acrescentando R$ 44,7 mil à fatura do cartão.
A quatro dias do segundo turno, Bolsonaro subiu em um palanque eleitoral em Teófilo Otoni (MG). Lá, o cartão corporativo gastou R$ 63 mil em hospedagem, lanches e um cercadinho para proteção. Na cidade de São Paulo, em 4 de outubro, onde visitou duas igrejas da Assembleia de Deus, e em Aparecida (SP), no dia 12, para participar da celebração no santuário, Bolsonaro desembolsou ao todo R$ 64 mil com o cartão corporativo. Só em Aparecida, foram gastos R$ 40.255,80. Entre as despesas, estão R$ 18 mil com hotel e R$ 15.946,80 com lanches.
Em Fortaleza (CE), em 15 de outubro, o cartão custeou a compra de 566 kits lanches por R$ 20.312 em outro evento classificado como atividade eleitoral. Também foi identificado pagamento de R$ 8.650 para um delivery de iFood durante campanha em Belo Horizonte, em 24 de agosto, além de gasto com cercadinho, na mesma cidade, em 24 de setembro no valor de R$ 2 mil.
O ex-presidente também gastou no corporativo na pré-campanha. Em 9 de julho, para ficar um pouco mais de três horas em Uberlândia (MG), ele gastou R$ 51.689 dos cofres públicos e mobilizou centenas de servidores. Alguns deles, envolvidos na segurança e lotados em Brasília, passaram mais de quatro dias na cidade mineira. O motivo da viagem era encontrar pastores e fazer uma motociata. Ainda no mesmo dia, Bolsonaro esteve em São Paulo, pela manhã, para participar do evento religioso. Também seguiu para Uberlândia, onde gastou ao menos R$ 51.689.
Mourão
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) gastou R$ 3,8 milhões com o cartão corporativo da Vice-Presidência ao longo dos quatro anos de mandato. O general da reserva superou as despesas feitas por Michel Temer (MDB) no mesmo cargo. Somente em 2022, ano em que disputou e venceu a disputa para o Senado, os gastos de Mourão somaram R$ 1,5 milhão. As principais despesas estão relacionadas a alimentação, hospedagens e viagens. Repetem-se nos gastos compras em supermercados – alguns deles gourmets –, peixarias, hotéis, empresas de fornecimento de alimentação a bordo e até clínicas e hospitais, no Brasil e no exterior.
Seis empresas receberam mais de R$ 100 mil cada do então vice-presidente: Mercadinho La Palma (R$ 311.498,83), Pão de Açúcar (R$ 282.421,49), Super Adega (R$ 264.391,34), Big Box (R$ 241.197,16), Atlântica Hotéis (R$ 204.080,15) e International Meal Company (R$ 102.071,53), empresa que fornece comissaria aérea.
O cartão corporativo do vice pagou ainda despesas ordinárias como R$ 205 na Açaí Capital, loja especializada na venda do produto rico em antioxidantes. Também há gastos de R$ 551 na sorveteria Brazilian Ice Cream e de R$ 1,3 mil na padaria francesa La Boutique. Todos em 2019. Além de R$ 9,3 mil na doceria Sweet Cake.
Mourão também gastou R$ 518 em lojas especializadas em manutenção e venda de bicicletas em Brasília. Ele costumava pedalar nos fins de semana no entorno do Palácio do Jaburu, acompanhado de guarda-costas. Durante viagens internacionais, as maiores despesas eram com hotéis e alimentação aérea. Mas os documentos também registram idas a restaurantes. Em Lisboa, por exemplo, a conta no tradicional Gambrinus foi de R$ 1.043.
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