Dossiês e documentos produzidos pela chamada “Abin paralela” eram impressos e entregues ao Planalto durante a administração de Bolsonaro
A Polícia Federal identificou sinais de que o ex-presidente Jair Bolsonaro poderia ser um dos destinatários das informações provenientes de um esquema de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante a gestão do ex-diretor Alexandre Ramagem. Essas evidências foram apresentadas à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), sendo que novas provas obtidas nas buscas contra Ramagem e Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, serão exploradas em futuras diligências. Informações são do portal UOL.
Conforme apurado pela investigação da PF, dossiês e documentos produzidos pela chamada “Abin paralela” eram impressos e entregues ao Palácio do Planalto durante a administração de Jair Bolsonaro. Essas constatações se somam às informações coletadas em um inquérito anterior, que tratava das interferências indevidas de Bolsonaro na Polícia Federal durante seu mandato presidencial.
A descoberta de que Ramagem imprimiu duas listas de inquéritos eleitorais em fevereiro de 2020 na PF do Rio de Janeiro reforça as suspeitas de ilegalidade nas pressões exercidas por Bolsonaro para controlar a Superintendência da PF no Rio. Há indícios de que Ramagem forneceu informações da PF do Rio a Bolsonaro, levantando a hipótese de que tais listas, de caráter sigiloso, foram repassadas a Ramagem por algum membro da PF do Rio.
A PF investiga os acessos ao sistema da Polícia Federal para determinar a origem dessas informações. Na mesma época, a PF do Rio conduzia um inquérito eleitoral sobre as declarações de bens do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente. Além disso, a Abin de Ramagem intensificou o uso do sistema de monitoramento First Mile durante o período eleitoral de 2020, sugerindo a instrumentalização da agência para interesses políticos.
A PF também apura se o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, tinha conhecimento e aprovou as operações de espionagem ilegal conduzidas por Ramagem, tendo sido intimado a prestar depoimento.
Dossiês impressos encontrados nas buscas, incluindo informações sobre o assassinato de Marielle Franco, indicam, segundo investigadores, que o material era destinado a receptores externos à Abin, possivelmente no Palácio do Planalto.
As pressões de Bolsonaro sobre a PF remontam a agosto de 2019, quando anunciou a troca do superintendente da PF do Rio, gerando uma crise com a corporação e Sergio Moro. A PF abriu um inquérito para investigar possíveis crimes, mas concluiu que não houve prática de crime. Os novos indícios obtidos neste inquérito sobre a Abin podem reacender essa linha de apuração.
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