Responsável pelos julgamentos da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, o juiz federal Marcelo Bretas (imagem) teria cometido ilegalidades em sua atuação. A mais recente edição da revista Veja, publicada nesta desta sexta-feira (4), revela que ele se comportaria também como promotor, advogado e policial, negociando penas, pressionando acusados, orientando a defesa, combinando ações com a acusação e até tentando influenciar na política. Entre as provas, uma gravação telefônica de 2017, na qual ele discutia uma estratégia para convencer o empresário Fernando Cavedish a confessar mediante vantagens judiciais, o que não era de sua alçada. O caso foi aceito pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os documentos foram apresentados pelo advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, que em outubro de 2020 procurou o Supremo Tribunal Federal (STF) para uma audiência com o ministro Gilmar Mendes. Ferreira Filho queria um acordo de colaboração em troca de provas das ilegalidades, mas não foi atendido.
Bretas ganhou notoriedade à frente da 7ª Vara Federal em processos que resultaram nas prisões do ex-presidente Michel Temer, do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. e dos empresários Eike Batista e Fernando Cavendish. O segundo escândalo que abala a credibilidade da maior operação anticorrupção da história do Brasil ganhou o título de Vaza-Jato II, em referência aos indícios contra o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, que teria orientado da promotoria nos processos que corriam em Curitiba. Se colocados em suspeição, as condenações podem ser anuladas, como ocorreu com as de Lula.