Pesquisa Quaest divulgada ontem traz uma boa e uma má notícia para os opositores de Luiz Inácio Lula da Silva. A boa: 52% dos brasileiros preferem que Lula não se candidatem à reeleição (o estudo foi realizado antes da internação do mandatário). A má: os candidatos de direita perderiam, em 2026, para Lula ou mesmo para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Vale lembrar que Jair Bolsonaro, o nome da direita com a melhor colocação na pesquisa, está inelegível. Mesmo assim, conta com uma rejeição expressiva. Cerca de 57% dizem conhecer o ex-presidente e não votariam nele. Uma rejeição que beira os 60% é temerária para um político que se diz o plano “A, B e C” da direita para o próximo pleito presidencial.
É de chamar a atenção o grau de desconhecimento que paira sobre os candidatos de centro ou de direita. Os mais reconhecidos pelo público são Michelle Bolsonaro (28%) e Pablo Marçal (25%). Mas ambos contam com um grau de rejeição enorme: 51% dos entrevistados dizem conhecê-la e não votariam nela. Com Marçal, esse índice é de 43%.
Na sequência vem o governador Tarcísio de Freitas, conhecido por 22% e rejeitado por 33%. A informação surpreendente é que 45% dos eleitores não conhecem Tarcísio (a título de comparação, Marçal é desconhecido por apenas 32% dos entrevistados).
Não deixa de ser intrigante o fato de Marçal ser mais conhecido que Tarcísio. O ex-coach foi candidato a deputado em 2022 e teve sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral; depois, disputou a prefeitura de São Paulo e chegou em terceiro lugar. Já Tarcísio comanda a maior estado da União há dois anos, depois de ter sido um ministro popular do governo Bolsonaro. Como ele seria menos popular que Marçal?
A força das redes sociais, neste caso, conta muito. Uma campanha regional, como a da cidade paulistana, acabou vazando para todo o país. Além disso, os memes e vídeos editados de Marçal se tornaram populares em todo o país, especialmente aquele em que ele provoca José Luiz Datena e leva uma cadeirada do apresentador (ou o momento em que ele “exorciza” Guilherme Boulos com uma carteira de trabalho). Seu discurso misturando empreendedorismo, religião e prosperidade, com pitadas antissistema, também caiu no gosto popular e foi martelado fortemente no mundo digital.
Além de Tarcísio, outros três governadores presidenciáveis aparecem na pesquisa Quaest. Ratinho Júnior tem 19% de reconhecimento positivo; Romeu Zema, 14%; Ronaldo Caiado, idem. O trio é amplamente desconhecido dos brasileiros. Ratinho (49%), Zema (61%) e Caiado (59%) ainda têm muito a evoluir se quiserem ter suas candidaturas levadas a sério pela população.
Pode-se enxergar essa falta de conhecimento nacional dos governadores sob a ótica do meio copo cheio. Os índices de rejeição destes políticos são os menores de toda a lista. Tarcísio é rejeitado por 33%, Ratinho por 32%, Zema por 25% e Caiado por 27%. Isso deve mudar conforme eles ficarem mais populares. Mas são números considerados muito bons em termos de potencial de crescimento.
Por enquanto, a campanha ainda está fria e faltam ainda dois anos para o pleito. Mas lembremos que Jair Bolsonaro começou a trabalhar as redes e visitar cidades brasileiras desde 2016, em uma pré-campanha que durou dois anos. Diante disso, é o caso de se perguntar: será que o governadores presidenciáveis não precisam se esforçar mais para se tornarem nomes competitivos?
Uma coisa é certa, diante de um cenário cheio de dúvidas: quem mais cedo se posicionar como o principal alvo de Lula terá maiores chances em 2024.