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Como a impopularidade de Lula impacta as eleições de 2026?

Como se sabe, uma pesquisa do Instituto Quaest mostrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve um índice de aprovação mirrado: apenas 24%, a menor taxa conseguida por Lula desde o seu primeiro mandato. Mas o que está por trás dessa impopularidade crescente?

Muitos podem apontar a economia como uma explicação para esse surto de reprovação. Mas os números atuais ainda estão bons. É verdade que muitos analistas apontam para uma queda na atividade econômica a partir do segundo semestre, mas dificilmente isso influenciaria três quartos da população brasileira.

A inflação dos alimentos, no entanto, pode ajudar a esclarecer esse fenômeno. Os preços nos supermercados cresceram substancialmente nos últimos meses e criaram anomalias como a carestia em torno do café e do azeite de oliva. Mas será que a alta de preços é tão importante assim? Vejamos o que diz outra pesquisa, desta vez do Ipec (antigo Ibope).

Este estudo também captura a queda de popularidade de Lula: 62% dos entrevistados acham que o presidente não deve tentar a reeleição em 2026 (eram 57% em novembro de 2024). Nesta amostra, 95% dos eleitores de Jair Bolsonaro partilham dessa opinião. Até aí, tudo bem. Mas 32 % daqueles que votaram no petista em 2022 também acham que ele não deve tentar se reeleger.

E quais seriam as explicações para isso?

São várias. Vamos lá: não está fazendo um bom trabalho (35%); é corrupto (20%); idade avançada (17%); já teve sua chance (11%); falta de confiança (9%); não é um bom administrador (5%); aumentou impostos (5%); prometeu não se candidatar novamente (3%); não cumpre o prometido (2%); inflação muito alta (2%).

Como se vê, a alta de preços é o fator de menor importância (pelo menos no estudo do Ipec) para explicar a implicância com a reeleição de Lula. Talvez isso seja uma pista para que o maior problema seja um desgaste violento em função das atitudes do próprio presidente. Curiosamente, na semana em que o novo ministro da Comunicação, Sidônio Palmeira, completou um mês no cargo, duas pesquisas foram divulgadas e mostram um declínio palpável na aprovação presidencial.

Evidentemente, o desgaste de Lula é anterior à posse do ministro – e, em 30 dias, pouco de pode fazer. Sidônio orientou Lula a se expor mais em entrevistas e o mandatário está fazendo isso. Mas, novamente, insiste na mesma tecla: jogar pobres contra ricos. Na última sexta-feira, por exemplo, ele disse o seguinte em uma entrevista, na qual anunciava novos mecanismos de crédito consignado:

– Porque dinheiro bom não é aquele que vai para a mão do rico, que ele compra dólar e fica explorando; é aquele que vai para a mão do povo, para o trabalhador, para o pequeno trabalhador rural, pequeno empreendedor individual.

Muitos brasileiros estão cansados dessa lenga-lenga, para usar uma palavra que o presidente parece gostar. São 39 % dos entrevistados do Ipec que mostram desejo por renovação. E 52% dos mais pobres dizem que ele não deveria disputar a reeleição.

Por fim, outra pesquisa divulgada neste final de semana também chama atenção, esta feita pela Quaest sobre as opiniões dos indivíduos das classes C, B e A. Quando perguntados sobre o nível de interesse na política, 53% dos brasileiros disseram que têm pouco ou nenhum interesse no assunto. Além disso, o instituto questionou os entrevistados se as pessoas têm o direito de se expressar, mesmo que sejam ofensivas. “Sim” foi a resposta de 59% dos pesquisados.

A combinação desses dois dados mostra que estamos diante de um novo brasileiro. Lula, porém, acha que está se comunicando com o eleitor de 20 anos atrás. Se continuar nessa toada, sem entender as mudanças de seu eleitorado, sua reeleição (ou a vitória de qualquer outro nome do PT) estará seriamente comprometida em 2026.

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Comentários

Uma resposta

  1. Ótima análise. O problema do Governo Lula não é a comunicação, como o Presidente pensa, mas sua visão de um Brasil que não existe mais, mudou.

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